Duncan Campbell – How ICIJ’s Project Team Analyzed the Offshore Files – june – 2013,6p.
25 de junho de 2013 at 12:01 lenitaveronica Deixe um comentário
Uma dimensão detalhada das pesquisas sobre os paraísos fiscais surge recentemente com os dados da ICIJ (International Consortium of Investigative Journalists). Baseado em Washington, o ICIJ organizou um time de 86 jornalistas de 46 países, uma das maiores parcerias internacionais de investigação na história do jornalismo. Desenvolveu um sistema sofisticado de comunicações e armazenamento protegidos, e conseguiu, de fontes ainda secretas, 200 giga de documentos de vários paraísos fiscais (a fuga de documentos do pentágono para o Wikileaks foi de 2 giga). Os resultados são impressionantes, pois conseguiram cerca de 2 milhões de nomes de laranjas (nominees), de e-mails, ordens de transferência, documentos de identidade, relatórios internos, instruções de clientes e semelhantes. O mapeamento, ainda em fase inicial, traça um novo mapa financeiro mundial. Por exemplo, relativamente ao round-tripping constatou-se que em termos de volume financeiro, a segunda maior fonte de fluxos financeiros para a China é o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, enquanto uma grande fonte de fluxos para a Rússia é Chipre.[1]
E passam a aparecer, naturalmente, nomes. britânicos, americanos, a filha do notoriamente corrupto ditador Ferdinand Marcos das Filipinas, o tesoureiro da campanha política do presidente da França, a baronesa Carmen Thyssen-Bornemisza, viúva do Thyssen bilionário do aço na Alemanha, russos, canadenses…Aguardamos, naturalmente, notícias brasileiras. O ICIJ montou um grande aparato de catalogação, ordenamento e análise da imensa base de dados. Os nomes revelados, segundo a entrevista de um dos membros da rede, resultam do fato que os dados sobre estas pessoas já são razoavelmente seguros.
A nós interessa aqui a compreensão do conjunto que emerge de pesquisas diversas, tecnicamente e ideologicamente insuspeitas, e que chegam a resultados absolutamente convergentes. Vimos a pesquisa do ETH que mostra os monstros financeiros planetários criados, grandes demais para sequer se administrar, e poderosos demais para serem controlados. A pesquisa da rede TJN de justiça tributária, que chegou a vazamentos não declarados de recursos da ordem de 21 a 32 trilhões de dólares, entre um terço e metade do PIB mundial. O relatório do Economist, absolutamente insuspeito de qualquer visão que não seja conservadora, e que corrobora os dados de James Henry da TJN, e mostra que se trata de recursos formalmente declarados em paraísos fiscais, mas administrados nos Estados Unidos, em Londres e praças europeias, e por bancos internacionais que estão no centro da crise. E vemos o início dos resultados de três anos de jornalismo investigativo em larga escala lançado pelo projeto da ICIJ. onde os bancos, as praças financeiras, os métodos e os montantes encaixam-se perfeitamente, nesta fase de abertura dos arquivos, com o que revelam as outras pesquisas. (L. Dowbor)
[1] Os dados aparecem na pesquisa do ICIJ, ver www.icij.org/offshore/how-icijs-project-team-analyzed-offshore-files
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