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Amir Khair analisa a dinâmica da dívida pública – junho – 2015, 1p.
Amir Khair me parece hoje a pessoa que melhor acompanha a questão dos juros sobre a dívida pública, a Selic, os seus (poucos) impactos sobre a inflação, o seu (enorme) impacto sobre a transferência dos recursos dos nossos impostos para intermediários financeiros, e o travamento da capacidade do Estado expandir investimentos no social e nas infraestruturas. E com uma taxa beirando 14%, muitos empresários da economia real estão preferindo fazer aplicações financeiras (risco zero, liquidez total). (L. Dowbor)
15 de junho de 2015 at 11:57 lenitaveronica Deixe um comentário
“A taxa Selic é o veneno da economia”. Entrevista especial com Amir Khair – abril – 2014, 2p.
Torna-se cada vez mais importante sistematizar e divulgar as informações sobre a imensa deformação do nosso sistema econômico através da taxa Selic elevada e dos juros praticados pelos bancos comerciais e pelos crediários do comércio. O volume de recursos desviados do que poderiam ser investimentos públicos e políticas sociais, de poupanças nossas esterilizadas em aplicações financeiras quando poderiam fomentar atividades econômicas, bem como a esterilização da capacidade de compra da população pelos crediários com juros exorbitantes, leva ao triplo travamento da economia, pelo lado das políticas públicas, do investimento privado e da capacidade de compra da população. A mudança das regras do jogo na área financeira está se tornando uma questão central para o nosso desenvolvimento. A entrevista de Amir Khair ajuda muito nesta compreensão. (L. Dowbor)
A saída é o investimento?
Autor: Amir Khair |
O Estado de S. Paulo – 15/06/2012 |
Após a divulgação do fraco crescimento no primeiro trimestre, várias análises apontaram para a insuficiência do investimento, especialmente do governo federal, como causa desse resultado.Será que a saída para a recuperação econômica está no investimento? Vejamos.
1. Investimento – Cerca de 90% dele é feito pelas empresas e 10% pelo setor público (3% governo federal e 7% Estados e municípios), destinado principalmente para creches, escolas, postos de saúde, hospitais e vias públicas. Assim, pensar que o deslanche econômico seja feito só pelo investimento do governo federal é olhar a formiga de 3% e não ver o elefante de 90% das empresas. Além disso, o setor público não tem primado pela pontualidade e pela eficácia na alocação de recursos para obras, dado o cipoal burocrático que é obrigado a cumprir para atender às exigências legais de uso do recurso público, nem sempre corretamente usado. Quando faz concessão, falha no controle e na fiscalização da operação. Resta o investimento das empresas (estatais e privadas). Nas estatais o destaque é a Petrobrás, que vem cumprindo com atraso seu programa de investimento para abrigar o crescimento na produção, transporte e refinação do petróleo do pré-sal. Exigências de conteúdo nacional podem estar dificultando o cumprimento do cronograma das obras. Além disso, o congelamento dos preços dos combustíveis enfraquece o caixa da empresa, atrasando mais ainda o seu cronograma. O investimento das empresas privadas só irá deslanchar após a redução dos estoques e a absorção da capacidade ociosa delas. E isso poderá demorar, ainda mais com o espectro do fantasma da recidiva da crise internacional, que está paralisando o investimento em todo o mundo. De qualquer forma, o empresário cuidadoso só toma a decisão de investir quando prevê a elevação do consumo do seu bem ou serviço. Há, no entanto, um fator favorável com a queda prevista para a Selic, que pode encostar em 5%, como nos países emergentes. A perda do ganho em títulos do governo pode empurrar as empresas para a retomada dos investimentos. Isso fica mais fácil caso o consumo dê mostra de evolução crescente. 2. Demanda – Para crescer é necessário a expansão da demanda, composta 60% pelo consumo das famílias, 20% pela despesa do governo (federal, estadual e municipal) e 20% pelo investimento. A demanda é atendida pela venda interna (88%) e pela importação (12%). A despesa do governo depende do nível do superávit primário (receita menos despesa exclusive financeira) e da arrecadação, e esta depende do crescimento econômico. Assim, parece mais eficaz expandir o consumo das famílias, que responde por 60% da demanda, e reduzir o superávit primário do que optar pelo investimento com os problemas citados. 3. Estímulo ao consumo – Feito nos últimos anos pelo salário mínimo acompanhando o crescimento, por programas sociais (educação, saúde, habitação, assistência e previdência social) e de renda e pela expansão do crédito a taxas de juros elevadas. Essa expansão pode levar ao endividamento crescente das famílias, o que amplia a inadimplência e esgota o orçamento doméstico. Ocorre que parte importante desse endividamento é com juros dos financiamentos. Assim, a política recente de estímulo ao consumo visa à redução do comprometimento doméstico com os juros pela redução das suas taxas. É a forma mais eficaz para ampliar o potencial de consumo sem aumentar a massa salarial, possibilitando reduzir o nível de endividamento das famílias, bem como a inadimplência causada pela agiotagem bancária. O governo pode, no entanto, contribuir um pouco mais para ampliar a demanda caso decida reduzir o superávit primário, uma vez que poderá economizar com juros pela queda da Selic, o que não afetaria a sua meta de déficit público decrescente. Em síntese, a saída para o crescimento pode estar na ampliação do estímulo ao consumo e na redução do superávit primário. O investimento, com ou sem regulação e/ou concessão, é consequência natural da expansão do consumo. Vale acompanhar. |
18 de junho de 2012 at 10:56 lenitaveronica Deixe um comentário
Crise avança mais rápida e forte e favorece avanço de novo sistema (Amir Khair)
O aprofundamento gradual da crise lembra a frase clássica em inglês, “slow-motion catastrophe”. É uma máquina descontrolada que vai gerando um aprofundamento das desigualdades, impasses críticos na área ambiental, e um caos no próprio funcionamento do sistema. Na fase I da crise, de transferência de recursos públicos para o sistema especulativo mundial, houve colaboração internacional dos países, e era compreensível pois eram todos movidos pelas mesmas pressões. Nesta segunda fase, de repasse dos buracos nos orçamentos públicos para as populaçãoes e os países mais fracos, a busca é de cada um se proteger. Não aparece no horizonte qualquer capacidade de regulação internacional. O Brasil, na visão de Amir Khair, tem de reforçar o mercado interno, o que gera maior resiliência frente ao sistema mundial, e reduzir o peso do sistema especulativo financeiro que se apoia na Selic elevada e nos juros extorsivos do sistema bancário comercial.
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Amir Khair, 19 de julho de 2011
O sistema capitalista sofre seu mais duro golpe, ao evidenciar que é inviável por ser incapaz de controlar os fluxos financeiros que caminham com vida própria, independente da produção de bens e serviços da chamada economia real.
Ao invés de se apoiar no atendimento das necessidades de acesso da maior parte da população mundial especialmente das marginalizadas dos países ditos em desenvolvimento aos bens e serviços, endereçou sua expansão artificializando o excesso de consumo da população dos países do centro do capitalismo, (Estados Unidos, Europa e Japão). Essa artificialização se manifestou via empréstimos sem controle, ampliando volumes crescentes de títulos podres, que se espalharam como um câncer em expansão exponencial sem possibilidade de ser contido.
Partiu do princípio que esse sistema se auto-regularia, o que ficou evidenciado ser impossível. Está sendo duramente vitimado pela sua própria contradição interna, qual seja, ser incapaz de se desenvolver distribuindo os benefícios criados pelos trabalhadores e, pelo descontrole dos fluxos financeiros internacionais em busca desenfreada de lucros nas movimentações, que ultrapassam em volume centenas de vezes a movimentação de mercadorias. (mais…)
28 de julho de 2011 at 15:04 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Nuvens negras no horizonte da economia mundial (Amir Khair)
Abaixo excelente avaliação do Amir Khair sobre os desequilíbrios financeiros. Vale lembrar que enquanto o PIB mundial é da ordem de 60 trilhões de dólares, os derivativos emitidos estão na casa de 900 trilhões de dólares (vejam sob “derivatives” no site do BIS de Basiléia). Emitiram um mundo de vales sobre pouco produto. Não há perspectiva de estabilidade com uma circulação especulativa 15 vezes maior do que a economia real. A recomendação do Amir, de se apoiar mais fortemente no mercado interno, é de muito bom senso.
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Amir Khair, maio de 2011
Ainda não se passaram três anos e já se delineiam duas sérias ameaças em nível global, que podem indicar um primeiro desdobramento da crise financeira originada nos Estados Unidos em 2008. É a situação crítica da questão fiscal dos Estados Unidos e Grécia. Os holofotes agora estão na Grécia, mas não levará tempo para se dirigirem aos EUA.
Vale recordar. Na primeira tentativa de sair do buraco, a Grécia acertou com o FMI que sua economia deveria encolher 4% em 2010, 2,6% em 2011 e o desemprego, de 9,4% em 2009, subiria para 14,8% em 2012. Esse o custo da redução do déficit fiscal de 13,6% do PIB em 2009, para 8,1% em 2010 e 6,5% em 2012. Mesmo assim, sua dívida se estabilizaria em 150% do PIB! Mas em 2010 em vez de conseguir a meta de déficit de 8,1%, obteve 10,5%, o que acendeu a luz vermelha.
Os holofotes agora estão na questão fiscal da Grécia, que precisará de um novo empréstimo em 2012. Com um crescimento mais baixo que o esperado, a tendência é o agravamento fiscal e a necessidade de mais empréstimos que, se vierem, trarão sérias dificuldades de satisfazer as condições impostas pelo FMI, com impacto social crescente e sério risco político ao governo.
A aposta dos “salvadores” (Banco Central Europeu – BCE, países da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional – FMI) ao concederem o primeiro socorro era de que uma profunda restrição fiscal, com rebaixamento de salários, demissões no setor público e freada no crescimento econômico, seria capaz de gerar os excedentes para honrar as parcelas dos empréstimos, que tiveram prazos mais alongados. (mais…)
Remédio em excesso mata (Amir Khair)
Por Amir Khair, fevereiro de 2011
Os remédios têm em suas bulas a posologia, ou seja, as dosagens que podem ser tomadas para produzir o melhor efeito no combate ao problema de saúde. O médico, após o diagnóstico, tem que decidir qual o remédio ministrar e a posologia adequada ao tratamento.
O mesmo ocorre para a economia. Uma das doenças a ser tratada é a inflação e o remédio mais usado tem sido uma alta taxa básica de juros, a Selic. A partir do dia 06/dez um novo remédio foi usado pelo Banco Central (BC) visando conter “certos excessos do mercado de crédito”. Ele impôs uma reserva maior de dinheiro pelos bancos quando concederem empréstimos para consumidores com prazo acima de dois anos. No caso de automóveis, essa reserva varia conforme a entrada que o comprador do veículo der. Além disso, o BC elevou o recolhimento compulsório dos bancos, tirando da economia cerca de R$ 65 bilhões.
Os efeitos deste remédio foram eficazes e imediatos, pois de acordo com o BC, até o final de janeiro, a taxa do crédito pessoal subiu de 40,3% para 49,4% ao ano, o prazo médio reduziu de cinco para quase três anos e a média diária das concessões de crédito pessoal caiu 19%! No caso dos veículos, a taxa do financiamento subiu cinco pontos nos bancos convencionais e quatro nos bancos de montadoras, o prazo médio recuou de três anos e meio para menos de três e a concessão de crédito caiu 45% nos bancos convencionais e 35% nos bancos das montadoras. (mais…)
28 de fevereiro de 2011 at 15:09 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Câmbio e inflação (Amir Khair)
O texto de Amir Khair define claramente as opções para a política macroeconômica para os próximos anos. Curto e claro como são os seus textos, ajuda muito a entender a relação entre juros, dívida, inflação e câmbio. Lembremos que foi recentemente inserido neste blog o excelente texto de Nelson Barbosa e José António Pereira (A Inflexão do Governo Lula) com uma análise em profundidade da evolução dos últimos anos. O tema é vital: a crise financeira internacional foi inicialmente sanada, nos países desenvolvidos que a geraram, pela transformação de rombos privados em défict público. Agora, buscam transferir o ônus público para a população, e frente ao custo político deste tipo de operação (curiosamente qualificada de “austeridade responsável”), fragiliza-se a colaboração internacional anti-crise da fase inicial. Em outros termos, instabilidade no horizonte, o que torna medidas de precaução no Brasil particularmente importantes. Lembremos mais uma vez que o presente blog é uma plataforma de discussão que está servindo de apoio científico e de informação a numerosos atores, e que contribuições são bem-vindas.
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Amir Khair, 14 de novembro de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
O que controla a inflação? Segundo o mercado financeiro e o Banco Central (BC) é a Selic que serve para regular a demanda. Será que cumpre essa função? Não creio.
Descolamento. Além da massa salarial, o que influencia a demanda são os juros ao consumidor e este se descolou da Selic faz tempo. É bom recordar. Ao final de 2008 foi demitido o presidente do Banco do Brasil (BB), que discordou da orientação do governo para reduzir as taxas de juros. O mercado reagiu fazendo em dois dias despencar o preço das ações do BB, pois baixar juros iria prejudicar seus lucros. Na prática o BB se expandiu, os lucros cresceram e o preço das ações após oito meses tinham dobrado e agora já triplicaram.
Com a redução das taxas de juros e a expansão do BB e Caixa Econômica Federal (CEF) para ajudar no combate à crise financeira, ocorreu o descolamento dos juros ao consumidor em relação à Selic. Desde dezembro de 2008 até abril deste ano a Selic passou de 13,75% para 8,75% com queda de 5,0 pontos percentuais (pp). Nesse período a redução dos juros para as empresas foi de 4,4 pp e para os consumidores 16,8 pp. A partir de maio o BC elevou a Selic até 10,75% subindo 2,0 pp e os juros para as empresas subiram 2,7 pp e para os consumidores caíram (!) 1,7 pp. (mais…)
Desafios (Amir Khair)
Amir Khair tem o dom de explicitar coisas relevantes de maneira direta e simples. A nota abaixo apresenta os nossos desafios internos e externos, na linha em particular das marcro-variáveis, vale a pena. Estamos navegando, como país, de forma relativamente estável num mundo de equilíbrios precários.
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Por Amir Khair, 12 de setembro de 2010
Publicado no jornal o Estado de São Paulo
O Brasil experimentou significativo avanço nos fundamentos macroeconômicos nos últimos anos. As previsões para este ano apontam para um crescimento econômico próximo a 8% com inflação tendendo a 4,5%, independentemente da equivocada elevação da Selic a partir de abril. As reservas internacionais superam US$ 260 bilhões e são maiores que a dívida externa do País. Destoa, no entanto, o déficit nas contas externas que poderá atingir US$ 50 bilhões.
Para o próximo governo os desafios na área macroeconômica serão maiores: manter crescimentos superiores a 5%, inflação abaixo de 4,5% e equilíbrio nas contas internas e externas.
Este artigo apresenta como contribuição ao debate, comentários e sugestões para atingir esses objetivos.
Continue Reading 15 de setembro de 2010 at 13:49 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Entraves ao desenvolvimento (Amir Khair)
O país continua dramaticamente desigual. O Estado tem um papel central na redistribuição de renda. As bobagens que se dizem sobre a nossa “elevada carga tributária” são isto mesmo, bobagens, pois não é o nível da carga que é elevado, mas a incidência do imposto que é deformada. Os que mais gritam contra impostos são os mais ricos, e são os que menos pagam. No geral, ter uma carga tributária regressiva, em país tão desigual, é absurdo. Amir Khair traz boas idéias a respeito no artigo abaixo.
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Por Amir Khair, 4 de julho de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
Importantes entraves para o desenvolvimento do País estão na distribuição de renda e na incidência tributária sobre ela. Apenas 1% dos brasileiros mais ricos detém uma renda próxima dos 50% mais pobres. Quem ganha até dois salários mínimos (SM) paga 49% dos seus rendimentos em tributos e quem ganha 30 SM, paga 26%. O fortalecimento do mercado interno passa pelo enfrentamento destes entraves.
No confronto internacional, apesar de avanço nos últimos anos na distribuição de renda e na incorporação de novos consumidores, a posição do País quanto a esses entraves deixa a desejar.
Isso cria um peso ao Estado para arcar com elevado déficit social tendo recursos limitados para isso, devido ao insuficiente nível de produção e consumo existentes. Junto com a base da pirâmide social é prejudicada a maioria da população e as empresas, pois poderiam produzir e lucrar mais expandindo seus negócios.
Continue Reading 9 de julho de 2010 at 17:08 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise em marcha (Amir Khair)
Por Amir Khair, 6 de junho de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
A cada dia parece se confirmar que a crise grega é apenas a ponta do iceberg da verdadeira crise, que poderá atingir progressivamente toda a Europa num duplo mergulho, e daí repercutir econômica e financeiramente para o resto do mundo.
Para evitar o calote na dívida da Grécia a providência foi a garantia ao pagamento dos títulos dessa dívida pelo Banco Central Europeu (BCE), junto com o socorro financeiro de países da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em troca o governo grego se obrigou a compromissos de aperto fiscal e consequente redução da atividade econômica. A “saída” dada pelo BCE, UE e FMI funciona mais como um paliativo, tentando empurrar o problema para frente, agravando-o.
Esse socorro financeiro traz dois problemas fiscais, que me parecem sem solução, pois crescem as despesas com o serviço da dívida pelo forte aumento do endividamento e cai a arrecadação pela redução da atividade econômica e pelo aumento da inadimplência dos contribuintes, ou seja, forma-se um “sanduíche” fiscal.
A suposição do socorro financeiro é que a redução das despesas públicas seja suficiente para superar esses dois problemas. Parece que os sacrifícios necessários para comprimir as despesas podem fracassar, devido à reação da população em aceitar as perdas que terá que sofrer. As manifestações populares podem gerar desdobramentos políticos difíceis de equacionar.
Em síntese, para a equação fechar, há forte risco da redução de despesas não ser suficiente para compensar as despesas com a elevação do serviço da dívida mais a queda da arrecadação. Assim, será necessário reduzir o valor a ser pago no serviço da dívida, ou seja, seu deságio, com perda para os credores.
Continue Reading 10 de junho de 2010 at 18:23 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Olhando o futuro (Amir Khair)
Por Amir Khair, 11 de abril de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
Em artigo de 28 de fevereiro indagava se não estaria em marcha um novo paradigma para o desenvolvimento do sistema capitalista. Volto hoje ao tema procurando desenvolvê-lo um pouco mais. Em síntese o artigo se baseou no fato de haver um descolamento crescente entre o desenvolvimento dos países emergentes e dos desenvolvidos. De fato, segundo dados do Fundo Monetário Internacional na média anual dos últimos dez anos, entre 2000 e 2009, os países desenvolvidos cresceram 1,6% e os emergentes 5,8%, ou seja, quatro vezes mais. Os destaques foram para China e Índia com crescimentos de 9,9% e 7,1% respectivamente. Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos lideraram o crescimento com 1,8%, seguido pelo Reino Unido com 1,7% e França com 1,5%. Alemanha e Japão, apenas 0,8%. Os países membros da Zona do Euro cresceram 1,3%. A América Latina cresceu 2,9%, o Brasil, 3,3% e o pior desempenho da região foi do México, com 1,8%, pois sua economia ficou colada na economia americana.
Este processo de descolamento tenderá a se acentuar com a recente crise financeira, que expôs a fragilidade financeira, monetária e fiscal dos países desenvolvidos, cujas conseqüências ainda se farão sentir por alguns anos.
Como avaliado no artigo, este processo vem ocorrendo há vários anos em decorrência da expansão natural do capital na direção da minimização de custos de mão de obra e de localização da expansão geográfica do consumo mundial, que se dá em favor dos países emergentes. A consequência deste processo tem sido a transferência de oferta de empregos dos países desenvolvidos para os emergentes, com uma incorporação sem precedentes de novos consumidores, o que reforça os movimentos do capital para esses últimos.
Continue Reading 12 de abril de 2010 at 12:27 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Terrorismo monetário (Amir Khair)
Por Amir Khair, novembro de 2009
O mercado financeiro e o Banco Central (BC) prevêem que a inflação até o final de 2011 não ultrapasse o centro da meta de 4,5% ao ano. Apesar disso, defendem um aumento da taxa básica de juros Selic em 2010 e 2011 para níveis superiores a 10% ao ano. Avaliam que a expansão fiscal do governo federal geraria aumento de demanda que superaria a oferta de bens e serviços produzidos no País, causando inflação.
Esta avaliação precisa ser questionada, pois interessa ao mercado financeiro a Selic crescer: além dos maiores lucros com os juros dos títulos do governo federal, aumentam o spread em suas operações de financiamento. Em contrapartida perde o País, pelos maiores custos a serem suportados pelo governo e pelas empresas e pela redução da atividade econômica.
Afirma o mercado financeiro que o forte crescimento econômico irá ultrapassar o produto potencial, ou seja, a máxima capacidade de produção do Brasil. Ou ainda, usam o conceito de taxa de juros neutra, ou seja, a Selic real (excluída a inflação) não pode ficar abaixo de determinado nível, pois causaria inflação. Quando interessa parar de baixar a Selic, o argumento mais usado é que seu efeito sobre a economia leva de 6 a 9 meses para se consolidar.
Continue Reading 10 de novembro de 2009 at 15:58 Sofia Dowbor Deixe um comentário
O Copom e as Contas Públicas (Amir Khair)
“O elefante no meio da sala continua sendo a taxa de juros. Nos últimos 12 meses (até maio 2009), foram 159 bilhões, travando drasticamente a capacidade de investimento público, na medida em que se trata de sustento ao rentismo financeiro. Amir Khair apresenta com clareza esta situação, uma das dinâmicas mais importantes não só para nos proteger da crise, mas para tornar os recursos públicos mais produtivos, por exemplo ampliando investimentos em educação, saneamento e outros. Esta é a dimensão dos juros básicos (Selic). Mas há outra dimensão, não abordada aqui, que são os juros efetivamente cobrados pelas redes bancárias ao tomador final, pessoa física ou pessoa jurídica. Em artigo anterior Amir mostrou como ambos estão ligados, pois os bancos favorecidos pela redução do compulsório, por exemplo, simplesmente aplicaram os recursos na taxa Selic, em vez de investir na dinamização da economia. Pelos volumes de recursos, e a esterilização da economia que provoca, esta financeirização, nas suas duas dimensões, tem papel central nas mudanças que precisam ser promovidas. O potencial de redução dos juros Selic e comerciais representam uma das principais “oportunidades” da nossa economia.” (Ladislau Dowbor)
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Por Amir Khair, 20 de julho de 2009
Publicado na seção Economia do jornal Estado de São Paulo
Hoje o Comitê de Política Monetária – Copom completa treze anos e um mês de existência. Nasceu em 20 de junho de 1996 com a finalidade de estabelecer as diretrizes da política monetária e a taxa básica de juros Selic.
A sistemática de “metas para a inflação” como diretriz de política monetária foi regulamentada pelo Decreto 3.088 de 21/06/99. Desde então, a política monetária passou a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. O único instrumento para isso é a Selic.
Desde o início do funcionamento do Copom até 19 de julho de 2006, a Selic esteve acima de 15% ao ano, com média neste período de 20,5%, inflação de 6,9%, ou seja, uma taxa real de 12,8%! Só a partir de 20 de julho de 2006, ou seja, há três anos que a Selic passou a ficar abaixo de 15% ao ano. Assim, desde a existência do Copom até três meses atrás é provável que o Brasil tenha ostentado o desonroso título de campeão mundial da mais alta taxa básica de juros. Essa é a maior distorção macroeconômica da economia brasileira que contribuiu para travar o crescimento econômico e causar forte dano às finanças públicas.
Continue Reading 20 de agosto de 2009 at 8:00 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Vantagens da Justiça Fiscal (Amir Khair)
“A nota de Amir Khair de junho de 2009, explicita um problema central que tem aparecido recentemente em estudos do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), do IPEA e outros: como o Estado administra um terço do PIB, é vital, numa visão mais ampla de saída da crise e buscando o médio e longo prazo, estabelecer um mínimo de justiça social. Proporcionalmente, o pobre paga mais impostos do que o rico, o que significa que vez da tributação ser progressiva, é regressiva. E como os recursos na mão do pobre se transformam em consumo e dinamização econômica, enquanto as grandes fortunas tendem a se instalar no confortável rentismo improdutivo, o equilíbrio fiscal torna-se essencial. A mudança da lógica da tributação, neste país marcado pela desigualdade, é essencial. O tema torna-se assim um dos eixos de se repensar a crise: captação justa e alocação inteligente dos recursos públicos.” (Ladislau Dowbor)
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Por Amir Khair, junho de 2009
O Brasil para assegurar um desenvolvimento sustentável necessita, além de bons fundamentos macro-econômicos, ter um mercado interno forte e em expansão. A má distribuição de renda e tributária dificulta explorar o potencial econômico e social que o país possui.
O setor privado objetiva lucro em suas atividades e não visa atenuar a distribuição de renda e riqueza. Assim, compete por excelência ao setor público essa tarefa e isso se dá tanto pelo lado da despesa quanto da receita.
Pelo lado da despesa isso ocorre ao destinar maior parcela dos recursos orçamentários para atender as necessidades básicas da população e pelo lado da receita ao fazer com que quem ganha mais pague proporcionalmente mais do que quem ganha menos, o que permite a progressividade do sistema tributário.
» Clique aqui para ler o artigo na íntegra (arquivo em formato .pdf)
5 de julho de 2009 at 21:42 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Repensando a Crise (Amir Khair)
Por Amir Khair, 18 de maio de 2009
Publicado no jornal Estado de São Paulo
De dois meses para cá, as análises sobre a crise financeira internacional tendem para uma visão menos pessimista, em relação às previsões do início do ano. Apesar de algumas críticas, o anúncio dos testes de estresse nos principais bancos dos Estados Unidos foi bem recebido pelo mercado, com reflexo na valorização das bolsas em todo o mundo.
Embora a prioridade das políticas econômicas nos diversos países tenha sido a de atacar os problemas financeiros da crise, ainda permanecem incertezas quanto aos efeitos sobre a economia real. As exportações despencaram em todo o mundo gerando menos produção nas empresas, que junto com a desconfiança de empresários e consumidores sobre o futuro, agravaram ainda mais o quadro econômico. Uma redução na oferta e procura por bens e serviços trouxeram, por sua vez, graves conseqüências sociais pela elevação dos índices de desemprego, causando um círculo vicioso que leva a mais redução na atividade econômica.
Continue Reading 19 de maio de 2009 at 12:09 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Enfrentar a Crise (Amir Khair)
Por Amir Khair
Não é possível prever os desdobramentos da crise internacional e seus reflexos sobre o Brasil. No entanto, quaisquer que sejam eles, o país pode adotar fortes políticas contracíclicas. Algumas já foram anunciadas, outras estão em implantação e novas por certo virão. O importante é mobilizar medidas diante da situação.
Como a crise atingiu o crédito e a confiança de empresas e consumidores levando à redução dos investimentos, produção e consumo, o governo deve ativar a economia. Para isso dispõe de poderosos instrumentos monetários e fiscais, além do que, nossos fundamentos macroeconômicos nunca estiveram tão bons. A maioria dos analistas reconhece que o Brasil poderá ser um dos países menos afetados e sair, fortalecido da crise, assim como outros países emergentes.
Dentre os fatores que permitem esse relativo otimismo estão seu enorme mercado interno potencial, um sistema financeiro robusto e sólido e perspectivas de ajustes e aportes na renda que poderão significar alterações no consumo, sobretudo nos níveis mais baixos.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 13:41 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Consumo interno e ativação da economia (Amir Khair)
Por Amir Khair
Publicado na seção de Economia do jornal Estado de São Paulo
Quaisquer que sejam os desdobramentos da crise internacional é quase certo prever a queda nas exportações dos países, devido a medidas protecionistas, queda de preços das commodities e dos preços internacionais, em geral, pelo acirramento da concorrência e a diminuição da demanda interna de cada país.
Impactada pela redução de exportações, parcela dos produtos será direcionada para o mercado interno dos países, que junto com os fatores acima poderá gerar um processo de deflação nos países desenvolvidos e redução da inflação nas economias emergentes.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 13:17 Sofia Dowbor 1 comentário
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