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Negócios Verdes (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula*, setembro de 2009
Os indicadores econômicos internacionais começam a dar sinais de que estamos superando o quadro de recessão mundial. A mídia internacional já anuncia o fim da crise. O Brasil, conforme previsão de que seria um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair, depois de dois trimestres com redução da atividade econômica, retomou o crescimento industrial, segundo dados do último trimestre.
O problema é que pouco adianta retomar o crescimento econômico se não há mudança estrutural no padrão de produção e consumo, pois como se trata de um modelo não sustentável, é mera questão de tempo até que nos vejamos imersos em nova crise, provavelmente de maior profundidade e extensão.
É preciso iniciar a transição para uma sociedade pós-carbono, ou seja, para um novo padrão de produção e consumo menos intensivo no uso de energia e menos dependente dos combustíveis fósseis, cujas reservas são finitas e estão em processo de esgotamento.
Quando se fala numa “Agenda Verde de Desenvolvimento”, muita gente reage como se fosse uma utopia irrealizável. Utopia não deixa de ser, vez que significa “não-lugar”, ou seja, aquilo que não está posto. Mas Utopia não significa aquilo que nunca vai existir, como querem alguns. Pelo contrário, tem significado sempre, ao longo da história, aquele tipo de sonho que move os revolucionários e inovadores, gerando processos de mudança.
Continue Reading 17 de setembro de 2009 at 15:02 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Território e competitividade sistêmica (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula, junho de 2009
A despeito da crescente globalização da economia, o sistema econômico mundial não é composto apenas pelas corporações transnacionais que disputam a hegemonia das atividades financeiras, comerciais e de produção no mercado internacional. A verdade é que mais de dois terços da riqueza mundial circula nas economias locais, onde prevalecem as micro, pequenas e médias empresas.
Além disso, ainda que a maioria das decisões de investimento produtivo seja tomada por atores que operam numa escala territorial de âmbito global e nacional, não deixa de ser relevante e significativo o papel dos atores econômicos na escala regional, sub-regional e local.
Esta é a razão pela qual alguns economistas fazem referência a um “circuito superior” da economia, dominado pela lógica das grandes empresas e do mercado globalizado, e a um “circuito inferior”, dominado pela lógica dos pequenos empreendimentos e do mercado local. Ainda que o “circuito inferior” da economia esteja subordinado à dinâmica do “circuito superior”, importa reconhecer que existe uma relativa autonomia entre os dois e que eles não funcionam exatamente da mesma forma.
Continue Reading 18 de junho de 2009 at 14:52 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Políticas de apoio ao desenvolvimento local (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula, 9 de março de 2009
O conceito de “desenvolvimento local” começou a ganhar relevância no debate sobre os modelos de desenvolvimento particularmente após o reconhecimento do fenômeno da globalização.
A globalização pode ser entendida como um processo de expansão e integração de mercados, onde os mercados menos competitivos são integrados aos mercados mais competitivos de forma subordinada, ou são simplesmente excluídos.
A globalização é o resultado dinâmico dos avanços da revolução científica e tecnológica e do desenvolvimento das tecnologias de informação numa velocidade nunca antes experimentada, que tornaram possível a quebra de paradigmas nos conceitos de tempo e espaço como também diversas outras mudanças de caráter econômico, social e cultural.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 23:03 Sofia Dowbor 5 comentários
Para além da crise (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula, abril de 2009
A crise atual evidencia, em escala global, uma contradição estrutural do padrão capitalista de produção e consumo: a reprodução ampliada do capital depende da existência de consumidores, mas o mercado, sem regulação social, tende a promover a concentração de riquezas, a exclusão social das maiorias e a degradação ambiental do planeta, a ponto de colocar em risco a própria existência da humanidade. Não há possibilidade de manutenção do crescimento econômico sem distribuição de renda, pois sem renda não há consumo, sem consumo não há produção, sem produção não há emprego e sem emprego não há renda. Portanto, parece óbvio que para sair da crise é preciso defender os empregos, a renda e o consumo.
O país possui reservas acumuladas de 200 bilhões de dólares, o que representa um fator de segurança, credibilidade e confiança para a atração de investimentos. Os bancos brasileiros ficaram a salvo da quebradeira internacional. A despeito de alguma retração no crédito, provocada, sobretudo, pela aversão ao risco, não há colapso financeiro. A existência de fortes bancos públicos, a exemplo do BNDES, do Banco do Brasil e da CAIXA, tem permitido ao Governo Federal a intensificação da oferta do crédito para setores estratégicos da economia.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 15:48 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Oportunidades na Crise (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula
A atual crise financeira internacional pode ser caracterizada como estrutural e sistêmica. Estrutural porque atinge o modo de produção capitalista naquilo que é sua razão de ser: a reprodução ampliada do capital. Sistêmica porque afeta todos os setores da economia mundial, ainda que de forma desigual. Mais do que isso, esta crise, pela sua extensão e profundidade, pode ser tomada como um sintoma inequívoco da falência do modelo civilizatório contemporâneo, caracterizado pela exclusão social das maiorias e pela completa falta de sustentabilidade ambiental. Porém, como toda crise, ela também oferece oportunidades.
A primeira das oportunidades resultantes desta crise é a possibilidade de rediscutir o conceito de desenvolvimento. É preciso superar, definitivamente, a visão que confunde desenvolvimento com crescimento econômico, com progresso material supostamente ilimitado. O desenvolvimento precisa ser pensado como um fenômeno resultante de escolhas conscientes, na perspectiva da conquista da qualidade de vida para todos, no presente e no futuro.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 14:41 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Crise internacional e desenvolvimento local (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula
A origem da crise
A atual crise financeira internacional teve sua origem no mercado imobiliário dos EUA. A manutenção de baixas taxas de juros por um período prolongado – pelo menos desde os atentados de 11 de setembro de 2001 – como medida de combate ao risco de recessão econômica, permitiu a expansão acentuada do crédito e o conseqüente aumento da demanda interna de consumo. A elevada liquidez interna, combinada com as facilidades de concessão de crédito e com a completa ausência de regulamentação do mercado financeiro, possibilitou o surgimento de operações imobiliárias de alto risco.
Corretoras imobiliárias passaram a ofertar, em parceria com bancos, crédito para aquisição de imóveis em condições muito facilitadas, cujos tomadores não precisavam comprovar renda nem oferecer garantias. Os compradores assumiram dívidas na expectativa da rápida valorização dos imóveis, que poderiam ser vendidos no curto prazo, assegurando o pagamento de financiamentos de longo prazo e gerando ganhos. Os corretores, remunerados por comissões baseadas no valor das operações realizadas, tinham total interesse em facilitar a realização do maior número possível de operações.
Continue Reading 9 de maio de 2009 at 14:30 Sofia Dowbor 3 comentários
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