Posts filed under ‘Mario Murteira’

O risco sistêmico (Mário Murteira)

Por Mario Murteira, junho de 2010

Resumo: Num contexto de «risco sistémico» generalizado, são necessários agentes ágeis, capazes de actuação eficaz no mercado global. É preciso prever, prevenir ou superar, quanto possível, os factos nocivos de maior ou menor envergadura que se associam aos diferentes tipos de risco, no referente à segurança das pessoas, à degradação ambiental, à saúde pública ou ao rendimento individual. Encontramos aqui a necessidade de certo tipo de regulação de múltiplas dimensões.

Palavras-chave: risco sistémico, globalização financeira, regulação
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I
Todos sabemos que o mundo tem mudado muito, e cada vez mais depressa, em particular desde as últimas décadas do século passado. A tão falada «globalização» cuja última vaga, iniciada por volta dos anos 1970, torna o mundo cada vez interdependente, aliada ao acelerado desenvolvimento científico e tecnológico, tem contribuído não só para «mudar o mundo», mas sobretudo mudar a nossa maneira de vê-lo. E também de vivê-lo, mesmo sem darmos por isso.

Tudo contribuindo, e de diversas formas, para a coexistência e convivência em certo ponto do tempo de pessoas e de sociedades de grande diversidade de culturas, conhecimentos, modos de vida e ideologias ou «visões do mundo». Numa interpretação optimista, a de Alain Touraine (1), o mundo ocidental após a conquista da democracia política, terá conquistado a democracia social (social-democracia, Welfare State, etc.), dirigindo-se agora para a democracia cultural.

Continue Reading 15 de junho de 2010 at 11:10 Deixe um comentário

A caminho de uma nova ordem econômica? (Mário Murteira) 

Por Mário Murteira, janeiro de 2010

São frequentes as referências a diversos processos de transição, tais como a «transição para a economia de mercado», a transição para a «economia baseada no conhecimento» e a transição para o «mercado global», esta correntemente designada por globalização. Na realidade, trata-se de diferentes maneiras de olhar, ou interpretar, um único processo de transição, que é afinal a própria corrente da História. Processo ou deriva de cujo sentido e direcção não estamos seguros, mas que procuramos interpretar, olhando-o retrospectivamente.

Neste aspecto, note-se que a questão do «sentido da História» – isto é, insisto, da sua direcção e do seu significado – perdeu a relevância que teve no século passado, num tempo em que a «conjuntura ideológica» ainda era fortemente marcada pelo marxismo.

Hoje, ao contrário do que criam (e «queriam») os marxistas puros e duros, o «progresso» não é entendido como uma inevitabilidade, algo para que o curso dos acontecimentos se encaminharia fatalmente, mesmo com trajectos demorados e dolorosos, mas apenas uma «possibilidade», entre outras. Importa, portanto, desvendar essa possibilidade e, sobretudo, saber como construí-la na prática social.

É nesta perspectiva, que pretende ser ao mesmo tempo objectiva e confessadamente voluntarista, que me situo.

Continue Reading 10 de fevereiro de 2010 at 15:35 Deixe um comentário

Para um novo olhar sobre o sistema da economia mundial (Mario Murteira)

Por Mario Murteira, junho de 2009

Transições no sistema mundial

Sem deixar de reconhecer, como muitos autores insistem, que o processo vem de trás na História, é legítimo afirmar que «algo de novo» surge na economia mundial desde o último quartel do século passado. Algo que é comum designar por «globalização», palavra susceptível de diversas interpretações mas que em termos económicos significa, no essencial, a emergência duma economia mundial crescentemente interdependente, em que já não tem cabimento por exemplo falar de «Terceiro Mundo», pois existe um mundo único, embora profundamente desigual.

Neste sentido, pode pois dizer-se, que a globalização é integração, formal e informal, da economia mundial. Além do mais, note-se que este processo implica o condicionamento gradualmente mais forte dos estados ditos «nacionais» por actores e poderes que são, na realidade, «transnacionais». Além disso, diluem-se as fronteiras entre os países, sem que no entanto se assista à emergência transparente dos novos poderes que regulam a convivência das nações. Esses novos poderes, na realidade, ficam de certo modo escondidos pelos discursos correntes sobre a «economia de mercado» e as supostas virtudes da concorrência.

Podemos imaginar um cenário muito diferente mas não melhor do que o acima referido, como o mundo da nova «guerra dos trinta anos», entre 1914 e 1945, ou mesmo depois disso o tempo da chamada «guerra fria», à beira da catástrofe nuclear, com espaços fechados e agressivos, ignorando-se e/ou guerreando-se mutuamente.

Continue Reading 8 de junho de 2009 at 10:58 1 comentário


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