Posts tagged ‘crise no brasil’
Crise avança mais rápida e forte e favorece avanço de novo sistema (Amir Khair)
O aprofundamento gradual da crise lembra a frase clássica em inglês, “slow-motion catastrophe”. É uma máquina descontrolada que vai gerando um aprofundamento das desigualdades, impasses críticos na área ambiental, e um caos no próprio funcionamento do sistema. Na fase I da crise, de transferência de recursos públicos para o sistema especulativo mundial, houve colaboração internacional dos países, e era compreensível pois eram todos movidos pelas mesmas pressões. Nesta segunda fase, de repasse dos buracos nos orçamentos públicos para as populaçãoes e os países mais fracos, a busca é de cada um se proteger. Não aparece no horizonte qualquer capacidade de regulação internacional. O Brasil, na visão de Amir Khair, tem de reforçar o mercado interno, o que gera maior resiliência frente ao sistema mundial, e reduzir o peso do sistema especulativo financeiro que se apoia na Selic elevada e nos juros extorsivos do sistema bancário comercial.
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Amir Khair, 19 de julho de 2011
O sistema capitalista sofre seu mais duro golpe, ao evidenciar que é inviável por ser incapaz de controlar os fluxos financeiros que caminham com vida própria, independente da produção de bens e serviços da chamada economia real.
Ao invés de se apoiar no atendimento das necessidades de acesso da maior parte da população mundial especialmente das marginalizadas dos países ditos em desenvolvimento aos bens e serviços, endereçou sua expansão artificializando o excesso de consumo da população dos países do centro do capitalismo, (Estados Unidos, Europa e Japão). Essa artificialização se manifestou via empréstimos sem controle, ampliando volumes crescentes de títulos podres, que se espalharam como um câncer em expansão exponencial sem possibilidade de ser contido.
Partiu do princípio que esse sistema se auto-regularia, o que ficou evidenciado ser impossível. Está sendo duramente vitimado pela sua própria contradição interna, qual seja, ser incapaz de se desenvolver distribuindo os benefícios criados pelos trabalhadores e, pelo descontrole dos fluxos financeiros internacionais em busca desenfreada de lucros nas movimentações, que ultrapassam em volume centenas de vezes a movimentação de mercadorias. (mais…)
28 de julho de 2011 at 15:04 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Artigos sobre controle de capitais (Boletim Carta Maior)
Por Carta Maior, 19 de abril de 2011
CONTROLE DE CAPITAIS: a expressão voltou a frequentar o noticiário econômico internacional nos últimos meses. Não é por acaso. Os efeitos da crise financeira e econômica de 2008 ainda se propagam pelo planeta. Um deles manifesta-se sob a forma do aumento dos fluxos de capitais para economias de países em desenvolvimento. É o caso do Brasil, por exemplo, que neste momento pratica uma política de juros que tem grande atração sobre esse capital. Esse movimento é bom ou ruim para a economia brasileira? O novo especial da Carta Maior procura chamar a atenção para os riscos dessa situação e apresenta argumentos de economistas e pesquisadores do Brasil e de outros países defendendo a importância da adoção de mecanismos de controle de capitais para evitar as armadilhas dos fluxos de capitais especulativos.
A bolha restaurada (ou a turbulência em céu azul)
O duplo choque ao qual estão sujeitos os países periféricos, após o desdobramento da crise de 2008, traz novos constrangimentos e não pode ser gerido tão somente com instrumentos macroeconômicos convencionais, sob pena de produzir graves crises nesses países. Por exemplo, a tentativa de reduzir o choque inflacionário decorrente do aumento de preços das commodities, por meio da política monetária, além de relativamente inócuo, exacerba a atração de novos capitais. Deixar a moeda nacional apreciar como resposta, compromete de modo significativo a competitividade das exportações de manufaturados. O artigo é de Ricardo Carneiro. > LEIA MAIS | Economia | 19/04/2011
Como enfrentar inflação e câmbio O Brasil não é uma ilha no mundo globalizado, ou seja, inflação e câmbio mantêm forte dependência da economia global. As elevações de preços de alimentos e commodities atingem todos os países e são componentes importantes da inflação. Existe, portanto, um risco real de inflação neste ano no Brasil, que pode aproximá-la de 6%. Quanto ao câmbio o Brasil tem contra si para valorizar o real a forte elevação da liquidez internacional e a alta taxa Selic que atraem esses capitais com elevados ganhos, sem riscos. O artigo é de Amir Khair. > LEIA MAIS | Economia | |
Divagações sobre moeda internacional e movimento de capitais Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo Estado, gestor em última instância do dinheiro – esse bem público objeto da cobiça privada – os senhores da finança tratam de restaurar as práticas de todos os tempos. Neste momento o mundo dança ao ritmo imposto pelo “dinheiro caçando rendimentos”. Os gestores do capital líquido saíram à caça das moedas (e ativos) dos emergentes e das commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise. O artigo é de Luiz Gonzaga Belluzzo. > LEIA MAIS | Economia | |
“Está claro que o consenso de Washington já morreu” Em entrevista ao jornal Página/12, o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, diz que está se abrindo um novo cenário para o debate da economia mundial. Alguns dos elementos desse debate, acrescenta, apareceram na reunião dos ministros do G-20 e na assembleia conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Entre eles, destaca-se o debate sobre a regulação de capitais especulativos e a adoção por parte dos Estados de políticas ativas para promover a inclusão social. “As principais potências do mundo estão assinando o atestado de óbito do Consenso de Washington”, resume. > LEIA MAIS | Economia | |
Como o Brasil pode defender-se da financeirização Será que o Brasil realmente precisa recorrer a um crédito externo que poderia ser criado no próprio país para cobrir os gastos internos? O que interessa ao Brasil é salvar sua economia do sobreendividamento, principalmente de dívidas com credores externos. (…) Artigo de Michael Hudson. > LEIA MAIS | Economia | |
Quem quer parar o Brasil e por quê? Na visão da economista Leda Paulani, da USP, em conversa com Carta Maior, o Brasil materializou nos últimos anos um pedaço da sociedade prevista na Constituição Cidadã de 1988. Estavam delineados ali, no seu entender, alguns dos impulsos mais fortes à expansão do mercado interno, finalmente viabilizados nos últimos anos. No entanto, ressalta, “existe uma análise ortodoxa que acusa esse processo de conduzir a sociedade a um esgotamento de sua capacidade produtiva; como se a demanda avançasse além da oferta possível com o pleno emprego dos recursos e potencialidades disponíveis no sistema”. A terapia embutida nesse diagnóstico, critica, pode interromper esse processo. > LEIA MAIS | Economia | |
“Brasil precisa se proteger e cuidar das contas externas” A economista Maria da Conceição Tavares defendeu nesta sexta-feira, durante a Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo IPEA, em Brasília, que o Brasil deve proteger sua economia, reverter o processo de sobrevalorização do real e adotar mecanismos de controle de capital para evitar um ataque especulativo. Em sua fala, ela deixou algumas sugestões para o futuro governo Dilma: “Eu diria que a primeira preocupação agora é, sem dúvida nenhuma, com o setor externo. Se ele continuar assim vai haver degradação da indústria, déficit crescente da balança de pagamentos e uma fragilidade externa que na crise de 2008 nós não tivemos”. O artigo é de Katarina Peixoto. > LEIA MAIS | Economia | |
Manifesto de economistas defende controle de capital Documento assinado por dezenas de economistas dos EUA e de outros países, foi encaminhado a autoridades do governo norte-americano defendendo a adoção de mecanismos de controle de capitais especualtivos como instrumento para enfrentar a crise financeira. “Dada a severidade da crise financeira global e sua extensão, as nações precisarão de todas as ferramentas possíveis que estiverem ao seu alcance para evitar e mitigar a crise financeira”, afirma o manifesto assinado, entre outros, por Joseph Stiglitz, James K. Galbraith e Ricardo Hausmann. > LEIA MAIS | Economia | |
27 de abril de 2011 at 16:38 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Câmbio e inflação (Amir Khair)
O texto de Amir Khair define claramente as opções para a política macroeconômica para os próximos anos. Curto e claro como são os seus textos, ajuda muito a entender a relação entre juros, dívida, inflação e câmbio. Lembremos que foi recentemente inserido neste blog o excelente texto de Nelson Barbosa e José António Pereira (A Inflexão do Governo Lula) com uma análise em profundidade da evolução dos últimos anos. O tema é vital: a crise financeira internacional foi inicialmente sanada, nos países desenvolvidos que a geraram, pela transformação de rombos privados em défict público. Agora, buscam transferir o ônus público para a população, e frente ao custo político deste tipo de operação (curiosamente qualificada de “austeridade responsável”), fragiliza-se a colaboração internacional anti-crise da fase inicial. Em outros termos, instabilidade no horizonte, o que torna medidas de precaução no Brasil particularmente importantes. Lembremos mais uma vez que o presente blog é uma plataforma de discussão que está servindo de apoio científico e de informação a numerosos atores, e que contribuições são bem-vindas.
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Amir Khair, 14 de novembro de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
O que controla a inflação? Segundo o mercado financeiro e o Banco Central (BC) é a Selic que serve para regular a demanda. Será que cumpre essa função? Não creio.
Descolamento. Além da massa salarial, o que influencia a demanda são os juros ao consumidor e este se descolou da Selic faz tempo. É bom recordar. Ao final de 2008 foi demitido o presidente do Banco do Brasil (BB), que discordou da orientação do governo para reduzir as taxas de juros. O mercado reagiu fazendo em dois dias despencar o preço das ações do BB, pois baixar juros iria prejudicar seus lucros. Na prática o BB se expandiu, os lucros cresceram e o preço das ações após oito meses tinham dobrado e agora já triplicaram.
Com a redução das taxas de juros e a expansão do BB e Caixa Econômica Federal (CEF) para ajudar no combate à crise financeira, ocorreu o descolamento dos juros ao consumidor em relação à Selic. Desde dezembro de 2008 até abril deste ano a Selic passou de 13,75% para 8,75% com queda de 5,0 pontos percentuais (pp). Nesse período a redução dos juros para as empresas foi de 4,4 pp e para os consumidores 16,8 pp. A partir de maio o BC elevou a Selic até 10,75% subindo 2,0 pp e os juros para as empresas subiram 2,7 pp e para os consumidores caíram (!) 1,7 pp. (mais…)
Livro Riscos e Oportunidades
Crises e Oportunidades, setembro de 2010
Abaixo disponibilizamos o link de acesso para o livro Riscos e Oportunidades onde estão reunidos os principais artigos da iniciativa Crises e Oportunidades.
Embora também possam ser acessados individualmente, os artigos aparecem aqui reunidos em um único arquivo para facilidade de consulta e citação.
» Livro Riscos e Oportunidades (arquivo em formato .pdf, 272 páginas, 2010)
30 de setembro de 2010 at 10:09 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Ricos, decadentes e malvados (Antonio Martins)
Crises e Oportunidades, agosto de 2010
A crise financeira de 2008 saiu do horizonte brasileiro de assuntos críticos. A visão mais ampla, é que a perigosa dinâmica de dominó que facilmente afeta os especuladores financeiros – incluídos aqui tanto os grandes bancos do primeiro mundo como as empresas produtivas que resolveram se arriscar no ganho fácil – foi estancada.Teceram-se louvores aos governos que tomaram atitudes corajosas, assumindo os imensos buracos financeiros dos grupos privados, estancando a quebradeira. Mas a realidade simples é que o déficit privado foi transformado em déficit público. O déficit público tem de ser coberto de altguma maneira.Poderia-se buscar a redução dos privilégios (lucros acumulados e bonus faraônicos que continuam a ser pagos), mas isto geraria sacrifícios aparentemente inadmissíveis no topo da pirâmide.
Assim, esta segunda fase da crise, que não é mais de transferência de recursos públicos para os especuladores, mas do déficit público para a população, se desenvolve de maneira muito mais lenta, pois um Estado não “fecha”, mas muito ampla. No essencial, trata-se de fazer pagar aos políticamente mais frágeis – como sempre os “de baixo” – através da redução dos benefícios sociais. O déficit de dezenas de bilhões de um grupo financeiro será coberto por pequenos déficits distribuídos em milhões de famílias. Este processo foi batizado de política de austeridade, de política responsável. Fala-se em medidas duras que um governo assume pois saberá sacrificar a sua popularidade frente às necessidades da nação. Discursos neste sentido ocupam toda a Europa, e em breve se estenderão aos Estados Unidos. Na realidade, como tão bem denunciam Paul Krugman, Hazel Henderson e tantos outros, trata-se de uma escandalosa transferência dos impactos da crise para quem não a provocou. Os efeitos, desde os 10% de desemprego nos EUA até os 30% de desemprego jovem na UE, são devastadores. E ao reduzirem a demanda na base da sociedade, adiam as dificuldades.
Nos últimos textos que temos colocado neste blog Crises e Oportunidades, envolvendo em particular o texto “Brasil: um Outro Patamar”, temos focado esta fase II da crise. A seguir, disponibilizamos o artigo “Ricos, decadentes e malvados”, de Antonio Martins, uma importante contribuição para a compreensão dessas novas dinâmicas.
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Por Antonio Martins, agosto de 2010
Diante da crise, governos dos países ricos investem contra os direitos sociais — especialmente na Europa. Baseada em dogmas e nos interesses das elites, tendência pode deprimir a economia internacional. Mas o mundo já não segue o velho Norte.
Em silêncio, porém rapidamente, alguns dos símbolos de civilização e prosperidade que tornavam o “primeiro mundo” orgulhoso e cobiçado estão se desfazendo.
Continue Reading 16 de agosto de 2010 at 16:05 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Brasil: um outro patamar – propostas de estratégias (Ladislau Dowbor)
Crises e Oportunidades, agosto de 2010
Abaixo disponibilizamos a sistematização realizada por Ladislau Dowbor acerca das visões sobre uma Agenda para o Brasil para a próxima década. Partindo de um conjunto de discussões do quadro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), e de eventos anteriores sobre o Brasil pós-crise, o trabalho reúne os principais pontos que caracterizam o novo contexto que o Brasil vive, e identifica os principais desafios e eixos de mudança para os próximos anos.Trata-se de uma importante contribuição para o nosso debate.
» Clique aqui para acessar o documento (arquivo em formato .doc, agosto de 2010, 32 páginas)
10 de agosto de 2010 at 15:04 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A caminho de uma nova ordem econômica? (Mário Murteira)
Por Mário Murteira, janeiro de 2010
São frequentes as referências a diversos processos de transição, tais como a «transição para a economia de mercado», a transição para a «economia baseada no conhecimento» e a transição para o «mercado global», esta correntemente designada por globalização. Na realidade, trata-se de diferentes maneiras de olhar, ou interpretar, um único processo de transição, que é afinal a própria corrente da História. Processo ou deriva de cujo sentido e direcção não estamos seguros, mas que procuramos interpretar, olhando-o retrospectivamente.
Neste aspecto, note-se que a questão do «sentido da História» – isto é, insisto, da sua direcção e do seu significado – perdeu a relevância que teve no século passado, num tempo em que a «conjuntura ideológica» ainda era fortemente marcada pelo marxismo.
Hoje, ao contrário do que criam (e «queriam») os marxistas puros e duros, o «progresso» não é entendido como uma inevitabilidade, algo para que o curso dos acontecimentos se encaminharia fatalmente, mesmo com trajectos demorados e dolorosos, mas apenas uma «possibilidade», entre outras. Importa, portanto, desvendar essa possibilidade e, sobretudo, saber como construí-la na prática social.
É nesta perspectiva, que pretende ser ao mesmo tempo objectiva e confessadamente voluntarista, que me situo.
Continue Reading 10 de fevereiro de 2010 at 15:35 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Crise: oportunidade para pensar um sistema mais justo (IPEA)
Publicado na Revista Desafios do Desenvolvimento*, 30 de outubro de 2009
Uma crise do tamanho da iniciada em setembro do ano passado pode trazer muitas mudanças e oportunidades, inclusive o estabelecimento de novos modelos de desenvolvimento. Pensar esses modelos torna-se tarefa premente para os governos e a sociedade civil. Essa urgência permeou o seminário Crise como oportunidade, realizado em agosto na sede do Ipea em Brasília. Participaram como palestrantes Ladislau Dowbor, professor de economia e administração da PUC-SP, Paul Singer, titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligada ao Ministério do Trabalho, e Silvio Caccia Bava, coordenador-executivo do Instituto Pólis e editor do Le Monde Diplomatique Brasil.
Singer afirmou que a crise proporcionou uma “grande oportunidade”. “Todos os governos do mundo simplesmente jogaram fora os ensinamentos da ortodoxia neoliberal e tiraram Keynes da naftalina. Isso significa aumentar o gasto público e o crédito o máximo possível”, disse. Segundo o secretário, o Brasil passou de maneira mais fácil pela turbulência por ter quase metade de seu sistema bancário nas mãos do governo federal.
Singer afirmou que a crise proporcionou uma “grande oportunidade”. “Todos os governos do mundo simplesmente jogaram fora os ensinamentos da ortodoxia neoliberal e tiraram Keynes da naftalina. Isso significa aumentar o gasto público e o crédito o máximo possível”, disse. Segundo o secretário, o Brasil passou de maneira mais fácil pela turbulência por ter quase metade de seu sistema bancário nas mãos do governo federal.
Continue Reading 26 de novembro de 2009 at 15:32 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Crise internacional: balanço e possíveis desdobramentos (IPEA)
O estudo do Ipea sobre a evolução da crise financeira, divulgado em novembro de 2009, dá a medida da insegurança em que estamos evoluindo. Diz bem Conceição Tavares que estamos navegando “de bolha em bolha”. A conclusão do estudo, coordenado por Milko Matijascic, dá bem a idéia do terreno movediço que são hoje as atividades financeiras.
“Diante de todo o conjunto de informações apresentado, é preciso atestar que pouco se sabe sobre os prováveis desdobramentos e muito dependerá das decisões políticas para a recomposição da ordem global por meio da transformação das instituições e do arcabouço jurídico-institucional. Em outras palavras, é preciso se acostumar com um horizonte de incertezas e tomar ciência das condições reinantes para enfrentar os desafios reais da retomada do desenvolvimento em bases efetivamente sustentáveis.” (p.18)
Ganhar fortunas sem enfrentar o trabalhoso ofício de produzir bens e serviços, continuará por enquanto, até a próxima crise, a render muito.
» Clique aqui para ler o documento (arquivo em formato .pdf, 18 páginas)
24 de novembro de 2009 at 14:43 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Empreendimentos econômicos e solidários: construção de um novo porvir (Claiton Mello)
Por Claiton Mello, setembro de 2009
Resumo
O objetivo desse artigo é apresentar a perspectiva organizacional e solidária de duas cooperativas centrais de produção compostas por trabalhadores da agricultura familiar, relacionando essa realidade com a literatura que discute os fundamentos epistemológicos do desenvolvimento sustentável. Trataremos aqui de dois conjuntos de empreendimentos econômicos e solidários (EES) vinculados às cadeias produtivas do mel e do caju, no estado do Piauí, que tem como pressuposto gerar trabalho e renda e melhorar as condições sociais de seus cooperados, com respeito ao meio ambiente. O desafio desse artigo é apresentar como a construção coletiva, entre atores locais e organizações parceiras externas àquelas atividades, pode transformar o ambiente social em uma nova dinâmica de interação e desenvolvimento. Os dados e informações sobre os fatos e sobre os EES são de meu conhecimento, fruto do acompanhamento sistemático que realizado como gestor de Comunicação e Mobilização Social da Fundação Banco do Brasil.
Palavras Chave
1. Solidariedade; 2. Comunidade; 3. Participação social; 4. Cooperativismo; 5.
Desenvolvimento sustentável.
Introdução
Os empreendimentos econômicos e solidários (EES) aqui tratados são a Central de Cooperativas Apícolas do Semi-Árido Brasileiro (Casa Apis), e a Central de Cooperativas de Cajucultores do Estado do Piauí (Cocajupi). Utilizaremos o conceito de EES por ser esse o adotado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, que compreende organizações supra familiares, de caráter permanente, como associações e cooperativas e que exercem a autogestão de suas atividades e recursos. Ambas as centrais são cooperativas de segunda geração, complexa, quer dizer, a sua formação e existência se dá pela associação de outras cooperativas de base. O surgimento das centrais aconteceu a partir de 2003, quando houve uma priorização de investimentos e políticas públicas direcionados a diversos segmentos sociais antes secundarizados pelo Estado, então, priorizados pelo programa Fome Zero do Governo Federal, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A questão objetiva desvendada por Celso Furtado (1974), em O mito do crescimento econômico, apontou os limites do sistema capitalista, figurado em sua magnitude no século XX, com a promoção da concentração de renda e dos impactos ambientais sem precedentes, de países centrais desenvolvidos sobre países periféricos subdesenvolvidos. Esse quadro contribui para entender, por analogia e similaridade, como também foram produzidas na economia brasileira duas realidades distintas: uma o sul e o sudeste com relativo desenvolvimento, com indústrias e geração de empregos; a outra o norte e o nordeste bastante excluído do processo produtivo e de direitos sociais, com menos acesso ao trabalho.
Continue Reading 23 de setembro de 2009 at 14:24 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Negócios Verdes (Juarez de Paula)
Por Juarez de Paula*, setembro de 2009
Os indicadores econômicos internacionais começam a dar sinais de que estamos superando o quadro de recessão mundial. A mídia internacional já anuncia o fim da crise. O Brasil, conforme previsão de que seria um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair, depois de dois trimestres com redução da atividade econômica, retomou o crescimento industrial, segundo dados do último trimestre.
O problema é que pouco adianta retomar o crescimento econômico se não há mudança estrutural no padrão de produção e consumo, pois como se trata de um modelo não sustentável, é mera questão de tempo até que nos vejamos imersos em nova crise, provavelmente de maior profundidade e extensão.
É preciso iniciar a transição para uma sociedade pós-carbono, ou seja, para um novo padrão de produção e consumo menos intensivo no uso de energia e menos dependente dos combustíveis fósseis, cujas reservas são finitas e estão em processo de esgotamento.
Quando se fala numa “Agenda Verde de Desenvolvimento”, muita gente reage como se fosse uma utopia irrealizável. Utopia não deixa de ser, vez que significa “não-lugar”, ou seja, aquilo que não está posto. Mas Utopia não significa aquilo que nunca vai existir, como querem alguns. Pelo contrário, tem significado sempre, ao longo da história, aquele tipo de sonho que move os revolucionários e inovadores, gerando processos de mudança.
Continue Reading 17 de setembro de 2009 at 15:02 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise e as oportunidades para uma agenda de mudanças estruturais (Moacir Gadotti)
Por Moacir Gadotti*, setembro de 2009
Aprendizados da Mesa Redonda Nacional Crise & Oportunidade
Caros companheiros e companheiras do Projeto GT Crise & Oportunidade,
Eis algumas impressões da Mesa Redonda Nacional organizada pelo Projeto Crise & Oportunidade, em São Paulo, dia 10 de agosto de 2009. Esse texto expressa meus sentimentos e aprendizados dessa notável reunião em que os assuntos econômicos acabaram não se distanciando de minhas preocupações educacionais, pois é partir sobretudo do campo da educação, por dever de ofício, que devo situar minhas considerações, agregando algumas referências aos textos que foram disponibilizados no Blog Crise & Oportunidade.
Nota-se que, desde já, a crise está sendo uma oportunidade para reafirmar o papel do estado na economia e de reforçar políticas sociais de emprego e distribuição de rende: o poder de compra das pessoas mais empobrecidas possibilitado pelo Bolsa Família acabou se tornando, no Brasil, um fator de resistência à crise.
Mas o que apareceu desde logo nas discussões, é que a crise nos oferece a grande oportunidade de rediscutir o modelo de desenvolvimento e o próprio conceito de desenvolvimento entendido como “crescimento econômico”, uma oportunidade a mais para discutir a questão mais profunda da injustiça social e da desigualdade econômica. Como diz Paul Singer, “a instabilidade é característica de qualquer mercado livre” (Paul Singer, maio de 2009, A América Latina na crise mundial).
Continue Reading 10 de setembro de 2009 at 14:28 Sofia Dowbor Deixe um comentário
É preciso estimular as lógicas não-capitalistas desde já – Entrevista a Ignacy Sachs (Antonio Martins)
Por Antonio Martins
Matéria publicada na Revista Fórum – Edição 75, Junho de 2009
Ignacy Sachs, o economista que associou desenvolvimento a sustentabilidade revela à Fórum seu mais recente projeto: realizar no Brasil o seminário internacional Crise e Oportunidade. Num diálogo entre intelectuais e sociedade civil, ele vê espaço para uma agenda de mudanças sociais e ambientais capaz de superar dois “paradigmas falidos”: o capitalismo liberal e o “socialismo real”
Na sucessão de tremores que abala a economia capitalista desde 2007, os últimos três meses foram de relativa calmaria. As enxurradas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais para salvar instituições financeiras finalmente começaram a destravar os mercados de crédito. No Brasil, por exemplo, as maiores empresas voltaram a captar recursos externos e as ondas de demissão refluíram. Embora duramente castigadas (recessões próximas ou superiores a 10% nos países bálticos), regiões críticas, como o Leste Europeu, não entraram em colapso – o que poupou os grandes bancos internacionais de perdas suficientemente graves para gerar novos espasmos de pânico. Nos Estados Unidos, epicentro do grande terremoto, há quem preveja que a produção voltará a crescer, embora muito vagarosamente, a partir de 2010.
Em seu período mais agudo, a crise produziu uma mudança extraordinária no cenário político e no ambiente ideológico do planeta. Mitos como a regulação das sociedades pelas “forças de mercado” desmoronaram tão rapidamente que o prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, falou em “queda do muro de Wall Street”. Países como EUA, China e Brasil reagiram à crise com medidas que em outros tempos seriam levadas sem demora à fogueira das heresias: mais investimentos públicos, estatização de bancos e empresas, ampliação de certos direitos sociais. Seria, agora, o momento de fazer um balanço do que passou e descansar?Aconselhado por sua trajetória incomum, o professor Ignacy Sachs ousa dizer que não – e tem companhia. Pioneiro da ecossocioeconomia, consultor especial das duas conferências mundiais da ONU que projetaram a ideia de “desenvolvimento sustentável”, Sachs envolveu-se, desde o final do ano passado, num novo projeto – que tem, mais uma vez, o Brasil como centro. Entre 16 e 18 de novembro, o seminário internacional Crise & Oportunidade debaterá a construção de uma agenda social e ambiental, elaborando projetos reais, capazes de produzir mobilização social a partir de algumas ideias que ganharam força com a crise do neoliberalismo. Ignacy Sachs abordou este e outros temas, em entrevista concedida à Fórum e publicada a seguir.
Continue Reading 27 de agosto de 2009 at 15:34 Sofia Dowbor Deixe um comentário
O Copom e as Contas Públicas (Amir Khair)
“O elefante no meio da sala continua sendo a taxa de juros. Nos últimos 12 meses (até maio 2009), foram 159 bilhões, travando drasticamente a capacidade de investimento público, na medida em que se trata de sustento ao rentismo financeiro. Amir Khair apresenta com clareza esta situação, uma das dinâmicas mais importantes não só para nos proteger da crise, mas para tornar os recursos públicos mais produtivos, por exemplo ampliando investimentos em educação, saneamento e outros. Esta é a dimensão dos juros básicos (Selic). Mas há outra dimensão, não abordada aqui, que são os juros efetivamente cobrados pelas redes bancárias ao tomador final, pessoa física ou pessoa jurídica. Em artigo anterior Amir mostrou como ambos estão ligados, pois os bancos favorecidos pela redução do compulsório, por exemplo, simplesmente aplicaram os recursos na taxa Selic, em vez de investir na dinamização da economia. Pelos volumes de recursos, e a esterilização da economia que provoca, esta financeirização, nas suas duas dimensões, tem papel central nas mudanças que precisam ser promovidas. O potencial de redução dos juros Selic e comerciais representam uma das principais “oportunidades” da nossa economia.” (Ladislau Dowbor)
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Por Amir Khair, 20 de julho de 2009
Publicado na seção Economia do jornal Estado de São Paulo
Hoje o Comitê de Política Monetária – Copom completa treze anos e um mês de existência. Nasceu em 20 de junho de 1996 com a finalidade de estabelecer as diretrizes da política monetária e a taxa básica de juros Selic.
A sistemática de “metas para a inflação” como diretriz de política monetária foi regulamentada pelo Decreto 3.088 de 21/06/99. Desde então, a política monetária passou a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. O único instrumento para isso é a Selic.
Desde o início do funcionamento do Copom até 19 de julho de 2006, a Selic esteve acima de 15% ao ano, com média neste período de 20,5%, inflação de 6,9%, ou seja, uma taxa real de 12,8%! Só a partir de 20 de julho de 2006, ou seja, há três anos que a Selic passou a ficar abaixo de 15% ao ano. Assim, desde a existência do Copom até três meses atrás é provável que o Brasil tenha ostentado o desonroso título de campeão mundial da mais alta taxa básica de juros. Essa é a maior distorção macroeconômica da economia brasileira que contribuiu para travar o crescimento econômico e causar forte dano às finanças públicas.
Continue Reading 20 de agosto de 2009 at 8:00 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise econômica global e a política nacional de recursos hídricos (José Machado)
Por José Machado*, 10 de agosto de 2009
Há um consenso entre os economistas de que o Brasil sairá fortalecido da atual crise econômica e, por essa razão, espera-se uma retomada vigorosa e sustentada do seu crescimento econômico ao longo dos próximos anos, a depender, claro, do desempenho do resto do mundo.
Diante dessa hipótese, deseja-se perscrutar nestas breves notas sobre o impacto que esse cenário poderá acarretar sobre a quantidade e a qualidade da água em nosso país, de modo a balizar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), instituída pela Lei 9433, de 1997.
O objetivo precípuo da PNRH é o de assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, tendo em vista o desenvolvimento sustentável. Dois princípios basilares fundamentam essa Política: a de que a gestão das águas deve ser descentralizada e participativa e considerar os seus usos múltiplos. As diretrizes a serem seguidas fazem referência à indissociabilidade da gestão dos recursos hídricos nos aspectos de quantidade e qualidade; à integração da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do país; à integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental, a de uso do solo e a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. Os instrumentos definidos para viabilizar a gestão são a outorga de direito de uso dos recursos hídricos, a fiscalização, o enquadramento dos corpos d’água segundo os usos preponderantes, os planos de recursos hídricos e cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
*José Machado é Diretor-Presidente da Agência Nacional de Águas (ANA)
Continue Reading 18 de agosto de 2009 at 12:47 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Overview of the climate prosperity movement (Hazel Henderson)
Hazel Henderson enviou, a nosso pedido, um memo sobre o leque de ações e de discussões programadas e em desenvolvimento no planeta, em convergência com os nossos propósitos. Trata-se de um documento curto (5 páginas) em inglês, muito denso em termos de referências para nos situarmos na discussão global. Hazel insiste na ligação entre os desafios ambientais e as dinâmicas de emprego, na linha dos “green jobs” do Global Green New Deal, e do chamado “climate prospertiy”. Trata-se de sair da dicotomia que é frequentemente utilizada, de que teríamos de escolhar entre proteção ambiental e crescimento econômico, o que é uma forma de sugerir que a preocupação ambiental trava o dinamismo econômico e a geração de empregos. Aliás, investir em energia sustentável gera muito mais emprego do que simplesmente extrair petróleo.
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Por Hazel Henderson, agosto de 2009
Brazil has been a world leader for many decades in sustainable, green development, renewable energy and resource uses.
So, I offer this report with great humility.
The Climate Prosperity movement is now worldwide and goes by many names: the Global Green New Deal, the Green Economy Initiative, the Climate Prosperity Alliance, Transition Towns, One Planet, Green Jobs, Green for All, “green stimulus,” the Global Marshall Plan, the Post-Carbon Society, the State of the World Forum, the Phoenix Economy, Breaking the Climate Deadlock, sustainable societies, as well as the hundreds of thousands of groups in over a hundred countries calling for new forms of sustainable livelihoods in their own languages. So far, these groups focusing on Climate Prosperity strategies have not always linked up with each other, or the even greater number of groups dissecting the global financial crises. NGOs and governments are devising responses to protect the most vulnerable populations: women, children, the poor and the least-developed countries from its cruel impacts.(1) Now it is time to connect all these groups working on essentially the same interlinked crises.
Continue Reading 7 de agosto de 2009 at 16:13 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Debate: A Crise Como Oportunidade e a Responsabilidade das Empresas (Instituto Ethos)
Como parte das prévias da Conferência Internacional Ethos 2009, realizou-se em abril o debate A Crise Como Oportunidade e a Responsabilidade das Empresas, que contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, dos economistas Ignacy Sachs e Ladislau Dowbor e do presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young.
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
5 de agosto de 2009 at 19:18 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Pontos para o enfrentamento da crise (texto base da Direção Nacional da CUT)
O texto-base da Direção Nacional da CUT para o 10º Congresso Nacional, realizado em agosto de 2009, apresenta diversos pontos importantes no que se refere ao enfrentamento da crise. Separamos aqui os pontos 60 a 90.
O texto sobre políticas a adotar frente à crise é muito abrangente, envolvendo desde políticas sindicais mais tradicionais, como redução da jornada de trabalho sem redução de salários, a política de recuperação da capacidade de compra dos trabalhadores como forma de reduzir os impactos da crise; até medidas de governança como a democratização do Conselho Monetário Nacional (visando em particular a redução de juros) e a democratização da mídia, visando elevar o nível de informação da sociedade sobre as transformações necessárias. É um texto bem construído e esclarecedor, que salienta o papel essencial dos trabalhadores no enfrentamento da crise. (Ladislau Dowbor)
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Por Direção Nacional da CUT, março de 2009
60. Defender o emprego, a renda e os direitos. O enfrentamento da crise pelo movimento sindical exige mobilização e negociação. A luta nos locais de trabalho e nas ruas pela defesa do emprego, dos salários e dos direitos, soma-se a pressão junto ao governo federal e aos governos estaduais por ampliação de crédito, redução substancial dos juros e dos spreads bancários e desonerações tributárias momentâneas e específicas para os setores mais atingidos pela crise, condicionadas a contrapartidas de emprego e manutenção da renda dos trabalhadores. A CUT reitera que o fim do superávit primário, da lei de responsabilidade fiscal e a diminuição dos juros são medidas essenciais para enfrentar a crise.
61. Também reiteramos a responsabilidade do poder público nas 3 esferas de poder – federal, estadual e municipal – em propor ações de combate à crise. É necessário garantir os recursos reservados aos investimentos em infra-estrutura e em políticas sociais, manter os acordos firmados com o sindicalismo do setor público, já que o fortalecimento do serviço público só é possível com a valorização dos servidores e servidoras; a liberdade de organização sindical e a negociação coletiva.
Continue Reading 4 de agosto de 2009 at 13:45 Sofia Dowbor 2 comentários
Crise financeira: riscos e oportunidades (Ladislau Dowbor)
Por Ladislau Dowbor, 8 de junho de 2009
“É preciso reconhecer e valorizar o papel daqueles que resistiram à agenda do Estado mínimo e ao desmonte das políticas públicas nas últimas décadas e resistiram a entregar a sorte da sociedade aos azares do cassino financeiro, optando por implantar políticas sociais para ordenar a economia e qualificar o desenvolvimento”.
Lula, no Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, 5 de março de 2009.
O estudo a seguir dever ser visto não como um resumo – que seria tedioso e artificial – das riquíssimas discussões do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, e sim como um conjunto de reflexões a partir das diversas apresentações, cruzando as palestras, as discussões, e diversas fontes de informação sobre o tema central, que era a identificação das oportunidades que surgem na crise. A verdade é que em duas décadas vimos ruir a visão estatista do desenvolvimento com o Muro de Berlim, e a visão liberal com Wall Street. Constatamos igualmente o ocaso da liderança unilateral dos Estados Unidos, que desde a II Guerra Mundial, através dos acordos de Bretton Woods e mais tarde do Consenso de Washington, a gosto ou contragosto, definiam os rumos do planeta. Estamos, na realidade, virando apenas agora a página do milênio, e nos damos conta do tamanho dos desafios, em comparação com os nossos parcos instrumentos de governança. Neste leque de visões, que envolve desde um repensar do nosso paradigma energético-produtivo nas palavras de Ignacy Sachs, até o funcionamento da nossa intermediação financeira nas reflexões de Conceição Tavares, está se desenhando um novo universo. Buscamos aqui apenas uma sistematização dos desafios, inspirados na diversidade das visões.
» Clique aqui para ler o estudo (arquivo em formato .doc, 26 páginas)
28 de julho de 2009 at 22:17 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise como oportunidade (Bernardo Kucinski)
por Bernardo Kucinski, junho de 2009
O cavalo-de-pau dado pelos bancos americanos e europeus nas finanças mundiais pegou a economia brasileira no exato momento em que se preparava para um salto de qualidade que a levaria a um novo milagre econômico, desta vez com distribuição de renda e sem ditadura. O governo respondeu atacando pela primeira vez o cerne do poder financeiro: a extorsiva taxa básica de juros.]
Em setembro do ano passado, quando a crise dos bancos explodiu, a economia brasileira estava crescendo a uma taxa anual da ordem de 6,8%. Os investimentos em novas máquinas, galpões e infraestrutura haviam chegado a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), uma taxa só comparável à dos primórdios do milagre econômico. Em todo o país empresas planejavam a expansão, depois de quatro anos de crescimento médio acima de quase 5%.
Continue Reading 19 de julho de 2009 at 22:18 Sofia Dowbor Deixe um comentário
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