Posts tagged ‘regulação financeira’
Crescimento econômico e desigualdade – as novidades pós Consenso de Washington (Carlos Lopes)
O estudo de Carlos Lopes apresenta uma rápida visão de conjunto das mudanças em curso, e dos desafios, com particular ênfase na realidade africana, mas também nas mudanças nos conceitos econômicos que o aprofundamento da crise exige. Um bom complemento ao Crise e Oportunidade em Tempos de Mudança apresentado em 2010.
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Carlos Lopes*, julho de 2011
A palavra “pós” tornou-se num lugar-comum, sendo usada nas várias vertentes dos cenários da globalização, assinalando a ruína de conceitos ocidentais usados durante muito tempo para explicar e governar o mundo. Com a crise avassaladora que atingiu os países ricos(2) e o falhanço dos sistemas financeiros que regem a economia global, entramos numa nova era. Ela é caracterizada por mudanças não só conjunturais, mas também estruturais. È uma profunda transformação que afecta percepções e distribuição de poder. Será esta transformação o fim do chamado Consenso de Washington?
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O que significa o Consenso de Washington?
O termo Consenso de Washington tem origem num conjunto de regras básicas, identificadas pelo economista John Williamson em 1990, baseadas no pensamento político e opiniões que ele acreditava reunirem consenso amplo naquela época. O conjunto de medidas incluía: 1) disciplina fiscal; 2) redução dos gastos públicos; 3) reforma tributária; 4) determinação de juros pelo mercado; 5) câmbio dependente igualmente do mercado; 6) liberalização do comercio; 7) eliminação de restrições para o investimento estrangeiro direto 8) privatização das empresas estatais; 9) desregulamentação (afrouxamento das leis económicas e do trabalho); 10) respeito e acesso regulamentado à propriedade intelectual. A referência a “consenso” significou que esta lista foi baseada num conjunto de ideias partilhadas, na época, pelos círculos de poder de Washington, incluindo o Congresso e a Administração dos Estados Unidos da América (Tesouro e Federal Reserve Bank), por um lado, e instituições internacionais com sede em Washington, tais como o FMI e o Banco Mundial, por outro, apoiados por uma série de grupos de reflexão e economistas influentes. (mais…)
25 de setembro de 2011 at 21:28 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Grecia arde y la democracia europea se pone de rodillas (Bruno Lima Rocha e Fábio López López)
Estamos avançando na segunda fase da crise. Aqui no Brasil não sentimos tanto, mas no conjunto, entre a dívida astronômica dos Estados Unidos, e o dominó da Europa, a economia mundial sente impactos cada vez mais profundos. Artigos recentes de Amartya Sen, de Joseph Stiglitz e de Paul Krugman apontam claramente os desdobramentos: crise gerada pelo sistema especulativo financeiro mundial, transformada em crise por déficit público (de algum lugar teve de sair o dinheiro para os bancos), por sua vez transformado em crise social e política (alguém tem de pagar o déficil público), e neste caso quem tem de apertar o cinto não são os donos das fantásticas fortunas geradas pelos mecanismos financeiros (40% dos lucros corporativos nos Estados Unidos – The Economist), e sim de preferência os países mais frágeis. Estes aderiram ao euro pensando aderir ao mundo rico, mas hoje se vêm travados por não poder ter política monetária própria. Os euros, que – dizem – vão para a Grécia (e outros), nunca chegam à Grécia, são simplesmente transferidos para os seus credores, os mesmos que geraram a crise. O círculo se fecha, mas a crise se aprofunda.
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Bruno Lima Rocha e Fábio López López, julho de 2011
El 29 de junio de 2011 se produce una amarga derrota para la idea de democracia europea en general y, particularmente, deja a Grecia de rodillas frente al Fondo Monetario Internacional (FMI), quien está operando como cabeza de puente de los agentes del sistema financiero para comprometer a la banca oficial en la Europa unificada. A pesar de que en la cultura política griega hay un alto nivel de violencia y conflicto, lo que se vio ultrapasa unos simples enfrentamientos con manifestantes revueltos. Lo espantoso y calamitoso es un gobierno de centro-izquierda (del PASOK) electo (uno más de entre tantos) para frenar la “crisis”, que termina sirviendo como ariete de los financistas contra los derechos de las mayorías, significando para sus electores algo dramático, una puñalada por la espalda, una traición profunda. Grecia, España y Portugal despiertan asustadas del sueño de prosperidad europeo, sostenido por el Euro, Alemania y Francia y retornan al sur del mundo, de donde en teoría habrían salido hace más de treinta años.
En el Viejo Mundo, la llamada crisis de las subprimes, o como dicen los manifestantes del 15-M español, “la estafa con nombre de crisis”, retoma el concepto del “Sur de Europa”, o Semiperiferia. Hay algo en común entre España, Portugal y Grecia, además de haber sido los últimos países europeos en realizar la transición a la democracia representativa y haber recibido enormes fondos de la Unión Europea. Estos tres Estados perdieron cualquier capacidad de decisión soberana sobre sus propios recursos y destinos, condicionando así las aspiraciones de sus mayorías democráticamente ejercidas a un juego de “haz de cuenta que”. Gobierno que entra o gobierno que sale, y a partir de los convenios y paquetes firmados con el FMI, dejan un mínimo margen de maniobra a los nuevos ejecutivos y bloques parlamentarios de sustentación. (mais…)
19 de julho de 2011 at 21:45 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Artigos sobre controle de capitais (Boletim Carta Maior)
Por Carta Maior, 19 de abril de 2011
CONTROLE DE CAPITAIS: a expressão voltou a frequentar o noticiário econômico internacional nos últimos meses. Não é por acaso. Os efeitos da crise financeira e econômica de 2008 ainda se propagam pelo planeta. Um deles manifesta-se sob a forma do aumento dos fluxos de capitais para economias de países em desenvolvimento. É o caso do Brasil, por exemplo, que neste momento pratica uma política de juros que tem grande atração sobre esse capital. Esse movimento é bom ou ruim para a economia brasileira? O novo especial da Carta Maior procura chamar a atenção para os riscos dessa situação e apresenta argumentos de economistas e pesquisadores do Brasil e de outros países defendendo a importância da adoção de mecanismos de controle de capitais para evitar as armadilhas dos fluxos de capitais especulativos.
A bolha restaurada (ou a turbulência em céu azul)
O duplo choque ao qual estão sujeitos os países periféricos, após o desdobramento da crise de 2008, traz novos constrangimentos e não pode ser gerido tão somente com instrumentos macroeconômicos convencionais, sob pena de produzir graves crises nesses países. Por exemplo, a tentativa de reduzir o choque inflacionário decorrente do aumento de preços das commodities, por meio da política monetária, além de relativamente inócuo, exacerba a atração de novos capitais. Deixar a moeda nacional apreciar como resposta, compromete de modo significativo a competitividade das exportações de manufaturados. O artigo é de Ricardo Carneiro. > LEIA MAIS | Economia | 19/04/2011
Como enfrentar inflação e câmbio O Brasil não é uma ilha no mundo globalizado, ou seja, inflação e câmbio mantêm forte dependência da economia global. As elevações de preços de alimentos e commodities atingem todos os países e são componentes importantes da inflação. Existe, portanto, um risco real de inflação neste ano no Brasil, que pode aproximá-la de 6%. Quanto ao câmbio o Brasil tem contra si para valorizar o real a forte elevação da liquidez internacional e a alta taxa Selic que atraem esses capitais com elevados ganhos, sem riscos. O artigo é de Amir Khair. > LEIA MAIS | Economia | |
Divagações sobre moeda internacional e movimento de capitais Agarrados aos salva-vidas lançados com generosidade pelo Estado, gestor em última instância do dinheiro – esse bem público objeto da cobiça privada – os senhores da finança tratam de restaurar as práticas de todos os tempos. Neste momento o mundo dança ao ritmo imposto pelo “dinheiro caçando rendimentos”. Os gestores do capital líquido saíram à caça das moedas (e ativos) dos emergentes e das commodities, enquanto o dólar segue uma trajetória de declínio, depois da valorização observada nos primeiros meses de crise. O artigo é de Luiz Gonzaga Belluzzo. > LEIA MAIS | Economia | |
“Está claro que o consenso de Washington já morreu” Em entrevista ao jornal Página/12, o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou, diz que está se abrindo um novo cenário para o debate da economia mundial. Alguns dos elementos desse debate, acrescenta, apareceram na reunião dos ministros do G-20 e na assembleia conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Entre eles, destaca-se o debate sobre a regulação de capitais especulativos e a adoção por parte dos Estados de políticas ativas para promover a inclusão social. “As principais potências do mundo estão assinando o atestado de óbito do Consenso de Washington”, resume. > LEIA MAIS | Economia | |
Como o Brasil pode defender-se da financeirização Será que o Brasil realmente precisa recorrer a um crédito externo que poderia ser criado no próprio país para cobrir os gastos internos? O que interessa ao Brasil é salvar sua economia do sobreendividamento, principalmente de dívidas com credores externos. (…) Artigo de Michael Hudson. > LEIA MAIS | Economia | |
Quem quer parar o Brasil e por quê? Na visão da economista Leda Paulani, da USP, em conversa com Carta Maior, o Brasil materializou nos últimos anos um pedaço da sociedade prevista na Constituição Cidadã de 1988. Estavam delineados ali, no seu entender, alguns dos impulsos mais fortes à expansão do mercado interno, finalmente viabilizados nos últimos anos. No entanto, ressalta, “existe uma análise ortodoxa que acusa esse processo de conduzir a sociedade a um esgotamento de sua capacidade produtiva; como se a demanda avançasse além da oferta possível com o pleno emprego dos recursos e potencialidades disponíveis no sistema”. A terapia embutida nesse diagnóstico, critica, pode interromper esse processo. > LEIA MAIS | Economia | |
“Brasil precisa se proteger e cuidar das contas externas” A economista Maria da Conceição Tavares defendeu nesta sexta-feira, durante a Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo IPEA, em Brasília, que o Brasil deve proteger sua economia, reverter o processo de sobrevalorização do real e adotar mecanismos de controle de capital para evitar um ataque especulativo. Em sua fala, ela deixou algumas sugestões para o futuro governo Dilma: “Eu diria que a primeira preocupação agora é, sem dúvida nenhuma, com o setor externo. Se ele continuar assim vai haver degradação da indústria, déficit crescente da balança de pagamentos e uma fragilidade externa que na crise de 2008 nós não tivemos”. O artigo é de Katarina Peixoto. > LEIA MAIS | Economia | |
Manifesto de economistas defende controle de capital Documento assinado por dezenas de economistas dos EUA e de outros países, foi encaminhado a autoridades do governo norte-americano defendendo a adoção de mecanismos de controle de capitais especualtivos como instrumento para enfrentar a crise financeira. “Dada a severidade da crise financeira global e sua extensão, as nações precisarão de todas as ferramentas possíveis que estiverem ao seu alcance para evitar e mitigar a crise financeira”, afirma o manifesto assinado, entre outros, por Joseph Stiglitz, James K. Galbraith e Ricardo Hausmann. > LEIA MAIS | Economia | |
27 de abril de 2011 at 16:38 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Remédio em excesso mata (Amir Khair)
Por Amir Khair, fevereiro de 2011
Os remédios têm em suas bulas a posologia, ou seja, as dosagens que podem ser tomadas para produzir o melhor efeito no combate ao problema de saúde. O médico, após o diagnóstico, tem que decidir qual o remédio ministrar e a posologia adequada ao tratamento.
O mesmo ocorre para a economia. Uma das doenças a ser tratada é a inflação e o remédio mais usado tem sido uma alta taxa básica de juros, a Selic. A partir do dia 06/dez um novo remédio foi usado pelo Banco Central (BC) visando conter “certos excessos do mercado de crédito”. Ele impôs uma reserva maior de dinheiro pelos bancos quando concederem empréstimos para consumidores com prazo acima de dois anos. No caso de automóveis, essa reserva varia conforme a entrada que o comprador do veículo der. Além disso, o BC elevou o recolhimento compulsório dos bancos, tirando da economia cerca de R$ 65 bilhões.
Os efeitos deste remédio foram eficazes e imediatos, pois de acordo com o BC, até o final de janeiro, a taxa do crédito pessoal subiu de 40,3% para 49,4% ao ano, o prazo médio reduziu de cinco para quase três anos e a média diária das concessões de crédito pessoal caiu 19%! No caso dos veículos, a taxa do financiamento subiu cinco pontos nos bancos convencionais e quatro nos bancos de montadoras, o prazo médio recuou de três anos e meio para menos de três e a concessão de crédito caiu 45% nos bancos convencionais e 35% nos bancos das montadoras. (mais…)
28 de fevereiro de 2011 at 15:09 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Manifesto de economistas defende controle de capital (Carta Maior)
Por Carta Maior, fevereiro de 2011
Um grupo de economistas dos Estados Unidos e de outros países enviaram um manifesto à secretária de Estado, Hillary Clinton, ao secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, e ao embaixador Ron Kirk, do Escritório de Comércio dos EUA, defendendo a adoção de mecanismos de controle de capitais especulativos como instrumento para enfrentar a crise financeira global.
» Veja matéria completa no site do Mercado Ético.
8 de fevereiro de 2011 at 15:28 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Câmbio e inflação (Amir Khair)
O texto de Amir Khair define claramente as opções para a política macroeconômica para os próximos anos. Curto e claro como são os seus textos, ajuda muito a entender a relação entre juros, dívida, inflação e câmbio. Lembremos que foi recentemente inserido neste blog o excelente texto de Nelson Barbosa e José António Pereira (A Inflexão do Governo Lula) com uma análise em profundidade da evolução dos últimos anos. O tema é vital: a crise financeira internacional foi inicialmente sanada, nos países desenvolvidos que a geraram, pela transformação de rombos privados em défict público. Agora, buscam transferir o ônus público para a população, e frente ao custo político deste tipo de operação (curiosamente qualificada de “austeridade responsável”), fragiliza-se a colaboração internacional anti-crise da fase inicial. Em outros termos, instabilidade no horizonte, o que torna medidas de precaução no Brasil particularmente importantes. Lembremos mais uma vez que o presente blog é uma plataforma de discussão que está servindo de apoio científico e de informação a numerosos atores, e que contribuições são bem-vindas.
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Amir Khair, 14 de novembro de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
O que controla a inflação? Segundo o mercado financeiro e o Banco Central (BC) é a Selic que serve para regular a demanda. Será que cumpre essa função? Não creio.
Descolamento. Além da massa salarial, o que influencia a demanda são os juros ao consumidor e este se descolou da Selic faz tempo. É bom recordar. Ao final de 2008 foi demitido o presidente do Banco do Brasil (BB), que discordou da orientação do governo para reduzir as taxas de juros. O mercado reagiu fazendo em dois dias despencar o preço das ações do BB, pois baixar juros iria prejudicar seus lucros. Na prática o BB se expandiu, os lucros cresceram e o preço das ações após oito meses tinham dobrado e agora já triplicaram.
Com a redução das taxas de juros e a expansão do BB e Caixa Econômica Federal (CEF) para ajudar no combate à crise financeira, ocorreu o descolamento dos juros ao consumidor em relação à Selic. Desde dezembro de 2008 até abril deste ano a Selic passou de 13,75% para 8,75% com queda de 5,0 pontos percentuais (pp). Nesse período a redução dos juros para as empresas foi de 4,4 pp e para os consumidores 16,8 pp. A partir de maio o BC elevou a Selic até 10,75% subindo 2,0 pp e os juros para as empresas subiram 2,7 pp e para os consumidores caíram (!) 1,7 pp. (mais…)
Why the IMF and the international monetary system nedd more than cosmetic reform (Yilmaz Akyüz)
Crises e Oportunidades, novembro de 2010
Apresentamos aqui o texto importante de Yilmaz Akyuz, do South Center, sobre o sistema internacional de regulação financeira. O FMI tem formalmente o papel de assegurar “o bem estar público global da estabilidade financeira”. Não se pode dizer que esteja à altura. Entre outros porque nos tempos de “boom” especulativo os especuladores não precisam do FMI e este não tem poder de intervenção. E nos tempos de crise, segundo Akyuz, “a dívida privada é jogada em cima do setor público”. Depois busca-se os remédios. Esta visão da necessidade de um sistema preventivo global envolve evidentemente muito mais do que mudanças cosméticas na regulação financeira global, e é este desenho que o autor empreende. Agradecemos a Carlos Lopes por este envio.
» Clique aqui para acessar o documento em inglês (arquivo em formato .pdf, nov. de 2010, 45 páginas)
16 de novembro de 2010 at 13:27 Sofia Dowbor Deixe um comentário
¿Guerra de divisas?, por supuesto (Immanuel Wallerstein)
O texto de Wallerstein, por curto e superficial que seja, explicita uma preocupação latente de muitos analistas: o desconforto de quem tem reservas em dólar ou em títulos do governo americano é crescente, o déficit externo americano é dificilmente sustentável, a armadilha de quem acumulou reservas em dólar e se vê constrangido a sustentá-lo para evitar perdas maiores não garante nenhuma estabilidade. O cassino financeiro especulativo mundial e a ausência de um sistema equilibrado de moeda para trocas internacionais, que não dependa de um só país, se conjugam de maneira cada vez mais preocupante.
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Por Immanuel Wallerstein, novembro de 2010
Las divisas son un problema económico muy particular. Porque las divisas son la verdadera relación donde unos ganan y otros pierden. Sean cuales sean los méritos de la revaluación o devaluación de una divisa particular, estos méritos son ganancias sólo si otros pierden. No puede todo mundo devaluar al mismo tiempo. Es imposible lógicamente y por tanto carece de sentido en lo político.
La situación mundial es bien conocida. Hemos estado viviendo en un mundo donde el dólar estadunidense ha sido la divisa mundial de reserva. Esto, por supuesto, le ha dado a Estados Unidos un privilegio que ningún otro país tiene. Puede imprimir su divisa a voluntad, siempre que piense que al hacerlo resuelve algún problema económico inmediato. Ningún otro país puede hacer esto; o más bien ningún otro país puede hacerlo sin penalización mientras el dólar se mantenga como la divisa de reserva aceptada.
Es también muy conocido que, por algún tiempo ya, el dólar ha estado perdiendo su valor en relación con otras divisas. Pese a las fluctuaciones continuas, la curva ha sido descendente tal vez durante 30 años por lo menos. (mais…)
8 de novembro de 2010 at 13:20 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Desafios (Amir Khair)
Amir Khair tem o dom de explicitar coisas relevantes de maneira direta e simples. A nota abaixo apresenta os nossos desafios internos e externos, na linha em particular das marcro-variáveis, vale a pena. Estamos navegando, como país, de forma relativamente estável num mundo de equilíbrios precários.
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Por Amir Khair, 12 de setembro de 2010
Publicado no jornal o Estado de São Paulo
O Brasil experimentou significativo avanço nos fundamentos macroeconômicos nos últimos anos. As previsões para este ano apontam para um crescimento econômico próximo a 8% com inflação tendendo a 4,5%, independentemente da equivocada elevação da Selic a partir de abril. As reservas internacionais superam US$ 260 bilhões e são maiores que a dívida externa do País. Destoa, no entanto, o déficit nas contas externas que poderá atingir US$ 50 bilhões.
Para o próximo governo os desafios na área macroeconômica serão maiores: manter crescimentos superiores a 5%, inflação abaixo de 4,5% e equilíbrio nas contas internas e externas.
Este artigo apresenta como contribuição ao debate, comentários e sugestões para atingir esses objetivos.
Continue Reading 15 de setembro de 2010 at 13:49 Sofia Dowbor Deixe um comentário
El EURO; De salida, si. (José Fernando Pérez Oya)
Neste mês de junho de 2010 a Espanha se debate com outras economias mais frágeis da UE, com déficit público, um desemprego generalizado, e as propostas do governo de que devemos ser “virtuosos e austeros”. Os do andar de baixo da economia, naturalmente, porque se fossemos exigir austeridade dos intermediários financeiros, estariamos prejudicando “a economia”. O mecanismo aparece de forma bastante clara: os rombos especulativos foram tarnsformados em déficits públicos, o que deu a muitos a feliz impressão de que a crise passou. Mas o rombo apenas mudou de lugar, e agora os mesmos intermediários financeiros exigem que haja “austeridade”, em particular com a redução de compensações por desemprego, bem como de políticas sociais como saúde e educação. É um absurdo amplamente denunciado por Paul Krugman. No artigo abaixo, de José Fernando Pérez Oya, ex-analista da economia européia para as Nações Unidas, aparece a amarga denúncia da armadilha montada, e que ameaça vários países. Reflete bem a indignação que está se gerando.
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Por José Fernando Pérez Oya, maio de 2010
Me permito, por haber sido uno de los escasos economistas que se opusieron públicamente en España al tratado de Maastricht, (En la revista gallega “Analise Empresarial Primeros meses de 2004) el ofrecer unas pequeñas reflexiones sobre nuestra economía y una posible, pero difícil salida por parte de un débil, pusilánime gobierno, y doblegado a la vergonzosa sumisión de nuestra soberanía a los dictados de política económica dictados por las instituciones de una U.E. dominada por una dogmática reaccionaria y dominante actitud alemana, refrendada por otras naciones. El dominio de una ideología neoliberal y de una política económica en ella inspirada ha obligado a nuestro país a introducir unas injustas y deflacionistas medidas fiscales que gravan seriamente el bienestar de la mayoría de la población y que impedirán o retrasaran gravemente la recuperación de nuestra economía. La situación mundial del balance ideológico y económico suscita hoy en muchos países una desconcertada opinión pública porque el descrédito de las teorizaciones monetaristas, de las “expectativas racionales”, y otras que han venido estructurando el discurso neoconservador aparecen hoy discursivamente gastadas pero, paradójicamente, su poder social, sobre todo en Europa, se incrementa trágicamente, imponiendo un lejano e hipotético ajuste a través del doloroso incremento del marxista “ejército de reserva” o sea el de unos atemorizados parados o amenazados empleados, muy debilitados y por tanto más proclives a aceptar el falso estímulo de unos bajos salarios conducentes a hipotéticos mayores beneficios y renovadas inversiones. No se nos habla apenas de economía de la oferta pero se destruyen los estímulos a la demanda total agitando el miedo al déficit fiscal.
Continue Reading 16 de junho de 2010 at 12:04 Sofia Dowbor Deixe um comentário
O risco sistêmico (Mário Murteira)
Por Mario Murteira, junho de 2010
Resumo: Num contexto de «risco sistémico» generalizado, são necessários agentes ágeis, capazes de actuação eficaz no mercado global. É preciso prever, prevenir ou superar, quanto possível, os factos nocivos de maior ou menor envergadura que se associam aos diferentes tipos de risco, no referente à segurança das pessoas, à degradação ambiental, à saúde pública ou ao rendimento individual. Encontramos aqui a necessidade de certo tipo de regulação de múltiplas dimensões.
Palavras-chave: risco sistémico, globalização financeira, regulação
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I
Todos sabemos que o mundo tem mudado muito, e cada vez mais depressa, em particular desde as últimas décadas do século passado. A tão falada «globalização» cuja última vaga, iniciada por volta dos anos 1970, torna o mundo cada vez interdependente, aliada ao acelerado desenvolvimento científico e tecnológico, tem contribuído não só para «mudar o mundo», mas sobretudo mudar a nossa maneira de vê-lo. E também de vivê-lo, mesmo sem darmos por isso.
Tudo contribuindo, e de diversas formas, para a coexistência e convivência em certo ponto do tempo de pessoas e de sociedades de grande diversidade de culturas, conhecimentos, modos de vida e ideologias ou «visões do mundo». Numa interpretação optimista, a de Alain Touraine (1), o mundo ocidental após a conquista da democracia política, terá conquistado a democracia social (social-democracia, Welfare State, etc.), dirigindo-se agora para a democracia cultural.
Continue Reading 15 de junho de 2010 at 11:10 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise em marcha (Amir Khair)
Por Amir Khair, 6 de junho de 2010
Publicado no jornal O Estado de São Paulo
A cada dia parece se confirmar que a crise grega é apenas a ponta do iceberg da verdadeira crise, que poderá atingir progressivamente toda a Europa num duplo mergulho, e daí repercutir econômica e financeiramente para o resto do mundo.
Para evitar o calote na dívida da Grécia a providência foi a garantia ao pagamento dos títulos dessa dívida pelo Banco Central Europeu (BCE), junto com o socorro financeiro de países da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em troca o governo grego se obrigou a compromissos de aperto fiscal e consequente redução da atividade econômica. A “saída” dada pelo BCE, UE e FMI funciona mais como um paliativo, tentando empurrar o problema para frente, agravando-o.
Esse socorro financeiro traz dois problemas fiscais, que me parecem sem solução, pois crescem as despesas com o serviço da dívida pelo forte aumento do endividamento e cai a arrecadação pela redução da atividade econômica e pelo aumento da inadimplência dos contribuintes, ou seja, forma-se um “sanduíche” fiscal.
A suposição do socorro financeiro é que a redução das despesas públicas seja suficiente para superar esses dois problemas. Parece que os sacrifícios necessários para comprimir as despesas podem fracassar, devido à reação da população em aceitar as perdas que terá que sofrer. As manifestações populares podem gerar desdobramentos políticos difíceis de equacionar.
Em síntese, para a equação fechar, há forte risco da redução de despesas não ser suficiente para compensar as despesas com a elevação do serviço da dívida mais a queda da arrecadação. Assim, será necessário reduzir o valor a ser pago no serviço da dívida, ou seja, seu deságio, com perda para os credores.
Continue Reading 10 de junho de 2010 at 18:23 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Cobrar impuestos a los especuladores (Paul Krugman)
Paul krugman, publicado na Revista Sin Permiso em dezembro de 2009
Es hora de echar arena a las ruedas de las finanzas. ¿Deberíamos usar los impuestos para frenar la especulación financiera? Sí, dicen las autoridades británicas, que supervisan la City de Londres, uno de los dos grandes centros bancarios del mundo. Otros Gobiernos europeos se muestran de acuerdo, y tienen razón.
Por desgracia, las autoridades estadounidenses -en especial el secretario del Tesoro Timothy Geithner- se oponen rotundamente a la propuesta. Esperemos que recapaciten: gravar las transacciones financieras es una idea de lo más oportuna en este momento.
El debate se inició en agosto, cuando Adair Turner, máximo regulador financiero británico, propuso un impuesto sobre las transacciones financieras como forma de disuadir actividades “socialmente inútiles”. La propuesta atrajo a Gordon Brown, el primer ministro británico, que decidió presentarla este mes en la reunión del Grupo de las 20 economías más importantes.
¿Por qué es ésta una buena idea? La propuesta de Turner-Brown es la versión moderna de una idea lanzada en 1972 por el fallecido James Tobin, economista de Yale y ganador del Premio Nobel. Tobin sostenía que la especulación monetaria -dinero que se mueve a escala internacional para apostar por las fluctuaciones de los tipos de cambio- tenía un efecto perturbador en la economía mundial. Para reducir estas perturbaciones, proponía cobrar un pequeño impuesto cada vez que se cambiase moneda.
Continue Reading 16 de dezembro de 2009 at 17:32 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Ecology of Finance (nef)
an alternative white paper on banking and financial sector reform
Stephen Spratt and Sargon Nissan, novembro de 2009
A New Economics Foundation de Londres apresenta um estudo interessante sobre as necessárias reformas do sistema financeiro, estudo que os autores caracterizam com um “Alternative White Paper”, alternativo ao documento oficial de propostas do governo britânico. No essencial, os autores mostram que concentrar o sistema financeiro constitui um erro básico, equivalente a “colocar mais e mais ovos em menos cestos”. A visão de um sistema com menos latifúndios financeiros, e mais diversidade nas estruturas e objetivos, com unidades mais flexíveis e mais próximas do usuário final, nos traz uma visão de soluções institucionais que vale a pena ver. O objetivo básico do sistema é caracterizado como segue:
To facilitate the allocation and deployment of economic resources, both spatially and temporally, to environmentally sustainable activities that maximise long-term financial and social returns under conditions of uncertainty.
» Clique aqui para ler o resumo executivo (5 páginas) ou o estudo completo (59 páginas) (arquivo em formato .pdf)
13 de dezembro de 2009 at 10:36 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Crise internacional: balanço e possíveis desdobramentos (IPEA)
O estudo do Ipea sobre a evolução da crise financeira, divulgado em novembro de 2009, dá a medida da insegurança em que estamos evoluindo. Diz bem Conceição Tavares que estamos navegando “de bolha em bolha”. A conclusão do estudo, coordenado por Milko Matijascic, dá bem a idéia do terreno movediço que são hoje as atividades financeiras.
“Diante de todo o conjunto de informações apresentado, é preciso atestar que pouco se sabe sobre os prováveis desdobramentos e muito dependerá das decisões políticas para a recomposição da ordem global por meio da transformação das instituições e do arcabouço jurídico-institucional. Em outras palavras, é preciso se acostumar com um horizonte de incertezas e tomar ciência das condições reinantes para enfrentar os desafios reais da retomada do desenvolvimento em bases efetivamente sustentáveis.” (p.18)
Ganhar fortunas sem enfrentar o trabalhoso ofício de produzir bens e serviços, continuará por enquanto, até a próxima crise, a render muito.
» Clique aqui para ler o documento (arquivo em formato .pdf, 18 páginas)
24 de novembro de 2009 at 14:43 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Terrorismo monetário (Amir Khair)
Por Amir Khair, novembro de 2009
O mercado financeiro e o Banco Central (BC) prevêem que a inflação até o final de 2011 não ultrapasse o centro da meta de 4,5% ao ano. Apesar disso, defendem um aumento da taxa básica de juros Selic em 2010 e 2011 para níveis superiores a 10% ao ano. Avaliam que a expansão fiscal do governo federal geraria aumento de demanda que superaria a oferta de bens e serviços produzidos no País, causando inflação.
Esta avaliação precisa ser questionada, pois interessa ao mercado financeiro a Selic crescer: além dos maiores lucros com os juros dos títulos do governo federal, aumentam o spread em suas operações de financiamento. Em contrapartida perde o País, pelos maiores custos a serem suportados pelo governo e pelas empresas e pela redução da atividade econômica.
Afirma o mercado financeiro que o forte crescimento econômico irá ultrapassar o produto potencial, ou seja, a máxima capacidade de produção do Brasil. Ou ainda, usam o conceito de taxa de juros neutra, ou seja, a Selic real (excluída a inflação) não pode ficar abaixo de determinado nível, pois causaria inflação. Quando interessa parar de baixar a Selic, o argumento mais usado é que seu efeito sobre a economia leva de 6 a 9 meses para se consolidar.
Continue Reading 10 de novembro de 2009 at 15:58 Sofia Dowbor Deixe um comentário
Crise financeira: riscos e oportunidades (Ladislau Dowbor)
Por Ladislau Dowbor, 8 de junho de 2009
“É preciso reconhecer e valorizar o papel daqueles que resistiram à agenda do Estado mínimo e ao desmonte das políticas públicas nas últimas décadas e resistiram a entregar a sorte da sociedade aos azares do cassino financeiro, optando por implantar políticas sociais para ordenar a economia e qualificar o desenvolvimento”.
Lula, no Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, 5 de março de 2009.
O estudo a seguir dever ser visto não como um resumo – que seria tedioso e artificial – das riquíssimas discussões do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, e sim como um conjunto de reflexões a partir das diversas apresentações, cruzando as palestras, as discussões, e diversas fontes de informação sobre o tema central, que era a identificação das oportunidades que surgem na crise. A verdade é que em duas décadas vimos ruir a visão estatista do desenvolvimento com o Muro de Berlim, e a visão liberal com Wall Street. Constatamos igualmente o ocaso da liderança unilateral dos Estados Unidos, que desde a II Guerra Mundial, através dos acordos de Bretton Woods e mais tarde do Consenso de Washington, a gosto ou contragosto, definiam os rumos do planeta. Estamos, na realidade, virando apenas agora a página do milênio, e nos damos conta do tamanho dos desafios, em comparação com os nossos parcos instrumentos de governança. Neste leque de visões, que envolve desde um repensar do nosso paradigma energético-produtivo nas palavras de Ignacy Sachs, até o funcionamento da nossa intermediação financeira nas reflexões de Conceição Tavares, está se desenhando um novo universo. Buscamos aqui apenas uma sistematização dos desafios, inspirados na diversidade das visões.
» Clique aqui para ler o estudo (arquivo em formato .doc, 26 páginas)
28 de julho de 2009 at 22:17 Sofia Dowbor Deixe um comentário
An IMF we can love? (Dani Rodrik)
Artigo de Dani Rodrik enviado por Carlos Lopes, diretor da UNITAR em Genebra. Trata-se de uma interessante contribuição sobre a evolução do papel do FMI e do Financial Stability Board no que diz respeito à regulação financeira internacional que se busca.
» Clique aqui para ler o artigo (web)
13 de abril de 2009 at 16:22 Sofia Dowbor Deixe um comentário
A crise financeira sem mistérios (Ladislau Dowbor)
Neste artigo de fevereiro de 2009 (atualizado em julho), Ladislau Dowbor apresenta os principais encadeamentos da crise financeira. Partindo dos mecanismos imediatos que a desencadearam, o artigo analisa a deterioração dos mecanismos e das instituições de regulação, bem como o papel chave que os Estados Unidos desempenham.
Na linha da avaliação dos impactos, o artigo busca delinear quem deverá em última instância pagar pela bancarrota do cassino, analisando como a especulação financeira contribui para a concentração de renda, e como os mecanismos se dão de maneira diferenciada no Brasil.
Na parte final são apresentados dois grupos de propostas: o primeiro com aquelas que visam manter o sistema, mas melhorar a sua regulação; e o segundo com aquelas que compreendem a crise como oportunidade para que os problemas da alocação racional de recursos em função dos dramas sociais e ambientais possam ser trabalhados de maneira mais ampla: é a crise no seu contexto mais amplo, na sua dimensão de oportunidade de resgate do desenvolvimento sustentável.
» Clique aqui para ler o artigo, atualizado em julho de 2009 (30 páginas)
9 de fevereiro de 2009 at 14:56 Sofia Dowbor Deixe um comentário
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